quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O REI JAMAIS PERDERÁ A MAJESTADE!



                                                  SILVIO SANTOS
                           O REI JAMAIS PERDERÁ A MAJESTADE!


O Brasil, de norte a sul, do Oiapoque ao Chuí, dos pobres e dos ricos, dos famosos aos anônimos, das novas e antigas gerações, aprendeu a assistir, admirar e respeitar o maior apresentador de programa de auditório que o país já teve em toda a história da televisão brasileira desde a sua fundação por Assis Chateaubriand, na década de 50. Seu nome é Silvio Santos, o grande, o único, o inimitável. Depois deste símbolo vivo, e porque não dizer, desta lenda da comunicação, apenas alguns coadjuvantes (mas mesmo assim não menos merecedores) de ontem e de hoje, cada qual com seu estilo próprio, a exemplo dos "madrugueiros" Jô Soares e Serginho Groissmann, Airton e Lolita Rodrigues (Almoço com as Estrelas), Raul Gil, Hebe Camargo, Inezita Barroso, Chacrinha (com suas estonteantes chacretes, o folclórico troféu abacaxi, "terezinhaaa!"), Flávio Cavalcanti (se vivo fosse muitos talentos "bundantes" de hoje não teriam voz (?) e vez porque, certamente, ele quebraria os CDs nas fuças do descompreendido), além dos novatos, digamos assim, Xuxa Meneghel, Faustão (irreverente), Ana Maria Braga (a risada do século), Luciano Huck e Angélica (Vídeo Show).
     Durante toda minha infância e adolescência, nas décadas de 70/80 (saudades!), aprendi a não ter mais nada a fazer, nenhum compromisso nas tardes dominicais de minha inesquecível - e sempre presente no coração - terra natal (Camamu), a não ser ficar grudado diante da tv (naquela época em preto e branco), assistindo encantado, fascinado, o Senor Abravanel, travestido de Silvio Santos, apresentar seu longo programa semanal. Digo longo porque - quem é da minha geração sabe disso - começava às 11 hs. e terminava às 20 hs. Ele sózinho, ao vivo, falando durante nove horas. As tardes mágicas e agradávelmente envolventes, não causavam exaustão em ninguém, muito ao contrário: as horas voavam sem dar tempo sequer de piscar o olho. Só queríamos ficar atentos as brincadeiras, os jogos, os concursos, a quadro memoráveis como "Qual é a Música?", "Boa Noite, Cinderela", entre tantos outros apresentados pelo homem-sorriso, impecávelmente vestido e maquiado, microfone preso ao colarinho. (Marca registrada de Silvio). Um dos momentos mais inusitados apresentado por SS durante sua trajetória, foi - eu não me recordo o ano, talvez 85/86 - quando ele apresentava o júri do concurso Miss Brasil e lá estava uma moça (?) de beleza rara, incomparável, que tinha se oferecido para representar o país no concurso miss Universo. Brincadeira ou não do rei do improviso e do escracho elegante, o certo é que se levantou a fenomenal Roberta Close. Muitas mulheres, graças à Deus apenas uma minoria, as quais se acham boa coisa - muitas o são, outras não passam de boa bisca! - só porque têem a identidade feminina entre as pernas, deveriam ter vergonha ao se olhar no espelho e ver-se como realmente são, comparando-se de alto a baixo, de costas e frente, inferiores a certos gays (talentosos, inteligentes, criativos), os quais costumam depreciar, ridicularizar, sem nem imaginar que estão fazendo papéis de idiotas, tolas, palhaças, ao serem enganadas por seus maridos. Este jura "de pé junto" que não gosta da fruta, mas, pelas costas dela, corre ao encontro daquele (o gay) que realmente ama, mas não assume públicamente por conta dos preconceitos familiares e sociais, se fartando de provar o que elas nem imaginam no seu pior pesadelo, na sua pouca desconfiança, traindo-as - não com outras - descaradamente, taxando-as de "mocréia de fachada" na cama do seu parceiro secreto. Mulher quando é verdadeiramente mulher, honra - em postura e compostura - a sua essência natural. Quando não o é, trata-se de um triste, deplorável e ridículo projeto mal acabado de fêmea, esposa enganada e traída, esculhambada (que palavrinha chula!) por seus machos nos ouvidos dos gays. E depois, como se nada tivesse acontecido, eles voltam para a tranquilidade do lar, beijando e abraçando fanfarrões, carinhosos, as idiotas que se deixam iludir. (Sinal dos tempos, século XXI, se é que me entendem!)... Talvez porisso, com receio de humilhar, magoar as mulheres que realmente merecem ser respeitadas, SS não atendeu o pedido de la Close - uma das mais belas "mulheres", quer queiram ou não, que as terras tupiniquins já criou - e deu prosseguimento ao certame de beleza, outro evento de sucesso durante anos na grade de programação do SBT.
     O almoço que deveria ser sagrado com toda a família, ficava sempre comprometido por que quase todos faziam seus pratos e deixavam a mesa (às moscas) para arranjar um cantinho diante do único aparelho de tv da casa. Com certeza esta cena deve ter se repetido em milhões de lares brasileiros durante anos. Domingo, naqueles idos - principalmente no interior onde as possibilidades de diversão são mínimas ou inexistentes - era sinônimo de Missa, galinha no almoço (eu conheci há pouco tempo numa cidade próxima aqui da capital uma amiga que prepara a ave de se comer rezando) regada a boa e velha coca-cola de garrafa pequena, lembram-se?, com um delicioso doce caseiro (tio Edmundo é expert neles) feito com frutas da época colhidas no quintal como sobremesa, além do imperdível programa de SS. Ele era (e continuará sendo) o mago do entretenimento, o "don Juan" inatingível que seduzia com o magnetismo do seu sorriso singular e a voz poderosa, sonhadoras moçoilas - e balzaqueanas também - obcecadas por astros da tv e das fotonovelas. A revista AMIGA era o livro de cabeceira delas, as paredes dos quartos e os guarda-roupas verdadeiros porta-retratos gigantescos com as fotografias de SS, Tarcísio Meira, Francisco Cuoco, Tony Ramos (na época sem pneuzinho), os Mários, Gomes e Cardoso (corpos belíssimos, sempre de sunguinha nos posters, lembram-se?), Wagner Montes, Ronnie Von (o rei da beleza), Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Antonio Marcos, etc., embalando seus sonhos mais secretos e voluptuosos. (Como a vida, os tempos mudaram - para pior! - de lá pra cá, já que hoje as moçoilas não são mais moçoilas, são frequentadoras assíduas do crack e dos motéis/matéis da vida). Silvio Santos sempre foi a "porta da esperança" para milhões destas simplórias (daquela época, vejam bem) donzelas e também - porque não? - para famílias de baixo poder aquisitivo que acreditavam, botavam fé, e dinheiro!, no Baú da Felicidade e agora, mais recentemente, na milionário Tele-Sena. E não foram poucos que no decorrer dos anos fizeram seu "pé de meia", tiveram suas vidas mudadas com sorteios, premiações. Comprar o carnê do baú era um dos itens primordiais no orçamento doméstico.
     Porisso, por sua competência e carisma, pela magia que exerceu durante toda uma vida dedicada a tv brasileira, é incompreensível, inaceitável e até mesmo revoltante saber-se que o empresário Silvio Santos virou motivo de piadinhas, chacotas - agora que enfrenta um grave problema familiar e financeiro - entre um povo que ele propiciou tardes divertidas, a ter esperanças e transformar os mais variados sonhos em realidade. Piadas de mau-gosto do tipo "Silvio Santos vende ali, lalalalá!..." fazendo alusão, cruelmente, ao refrão que todos nós acostumamos a ouvir no início de seu programa. É triste, lamentável, que o brasileiro - um povo reconhecidamente solidário,generoso - esteja se manifestando desta maneira impiedosa, mesquinha e desumana, regozijando-se com a má sorte de um ícone da simpatia. (Como se más-fases não chegassem pra todos). Porque isso? Pra que? O que se ganha com a desgraça alheia? (Vá-se entender o íntimo, as razões - que a própria razão desconhece - do ser humano). Certamente, Silvio não sucumbirá a esse golpe financeiro, como bom empreendedor e empresário que sempre foi. Assim como alguns de nós, Senor Abravanel foi vítima do amor demasiado, da generosidade em querer ajudar àqueles que estavam mais próximos de si, ou seja, os parentes. Ele foi covardemente traído, teve a carteira roubada pelos que mais amou e ajudou nos momentos difíceis.
     A imprensa vem noticiando desde o dia 13 pp. a trágica situação financeira que tomou de assalto - literalmente falando - o Grupo SS. "Até tu, Brutus?" - disse há dois mil anos o imperador de Roma. Frase que deveria ser hoje repetida por Silvio Santos a todos seus (miseráveis!) parentes. Quarenta no total. Inadmissível! Inacreditável! Ser traído por um, dois ou três já é dolorosamente insuportável, imaginem por quarenta ao mesmo tempo. O que é isso? Uma versão moderna e bizarra de Ali-Babá e os Quarenta Ladrões? Neste caso, óbviamente, sem a presença do Ali. Todos conhecem o caráter do apresentador-empresário, o qual criou nos últimos 50 anos um dos maiores impérios empresariais do país. Colocar a parentada em altos cargos de direção foi, talvez, o maior erro de SS. 
     O único bem que deverá ser poupado será justamente o carro-chefe do grupo SS: o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Ao que consta, Guilherme Stoliar e Leon Abravanel, respectivamente sobrinho e primo de Silvio, não fazem parte da quadrilha, do covil de larápios. Para tranquilidade dele, da esposa Irís e das filhas, as quais, principalmente Patrícia (sequestrada em 2001), são as mais revoltadas com o roubo de R$ 2,5 bilhões. Patrícia, como todos sabem, trabalhava diretamente com Rafael Palladino, presidente do banco PanAmericano.
     Silvio Santos, o rei Midas da tv brasileira, não vai se entregar ao desânimo, ao desespero, porque não é de seu feitio se deixar abater. Ele, como o bravo guerreiro que sempre foi desde os tempos de camelô nas ruas da cidade maravilhosa, corajoso e destemido, vai usar o Grupo SS - principal acionista do PanAmericano - para cobrir o prejuízo bilionário causado por esta vergonhosa fraude contábil, renascendo assim das cinzas como a fênix. O dinheiro virá do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), já que o banco PanAmericano vendeu carteiras de créditos para outras instituições financeiras, mas, ilegalmente, continuou contabilizando esses recursos como parte do patrimônio próprio. O pior disto tudo nesta típica novela mexicana (sem comparações óbvias, please!) é que, para conseguir o empréstimo junto ao FGC, Silvio Santos terá de oferecer seus bens como garantia. Daí o SBT ter virado "andor de procissão".
     Silvio Santos, o homem-sorriso, deve se encontrar agora na luxuosa mansão do Morumbi ao lado de Irís e das meninas, rindo-se de quem riu dele. E sabe porque? Porque quem "nasceu para rei jamais perde a majestade". Lembrando-se, com certeza, das palavras do papa do colunismo brasileiro, Ibrahim Sued: "os cães ladram e a caravana passa". Ademã.
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!


                                                                                                                                                                                                  SANFERR, 25.11.2010

CONTATOS:
e-mail: rsanferr@hotmail.com
fone: (71)81545380  ATT: Brevemente este número será mudado. Grato!
home-page: HTTP://SANFERRPRESS.BLOGSPOT.COM


                          P     A     T     R     O     C     Í     N     I     O





quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ARLETE MAGALHÃES

                                                    

                                            ARLETE MAGALHÃES,
              A CLASSE, O SAVOIR-FAIRE, O CHARME DA TERCEIRA IDADE!


     Se houvesse brasão para a alta sociedade baiana, um nome e sobrenome de peso - e quilate! como a mais fina e rara pedraria - seria eternizado à altura nele: Arlete Maron de Magalhães. A hostess number one da terra do Senhor do Bonfim, numa época em que muitas desavisadas - e deslumbradas! - imaginam, errôneamente, que só porque possuem dinheiro na conta bancária, tem carro importado, roupas de griffe e aviões, tem pedigree... O que, no caso de algumas, até que não seria exagero dizer-se que "fulana de tal" tem pedigree. Insensatez! Deslumbramento barato e ridículo! Classe natural é daquela que "rala" o dia todo, anda de ônibus, ganha pouco, mas com este pouco se transforma numa verdadeira Lady Di nas ruas, chamando a atenção por onde passa. Classe e elegância não é pra quem tem (dinheiro) é pra quem pode (ser chique sem um níquel no bolso, naturalmente). Portanto, hostess number one não é pra qualquer uma. Mesmo não recebendo mais com a assiduidade de outrora, dona Arlete é mestra e poderia, se quizesse, dar aula para tantas por aí com sua elegância e classe natural, pra quem o mínimo é sempre mais. (Se é que me entendem!). Dona Arlete é sinônimo de elegância e refinamento mesmo, com toda a experiência que os anos como esposa de um grande político lhe deu. Esta simpática, gentil e intrsopectiva matriarca do mais importante, tradicional e comentado clã baiano, completou na última segunda-feira (15 de novembro) a idade da razão, a idade da loba duas vezes: oitenta anos. (E uma loba tantas vezes ferida, acuada, mas sempre pronta a atacar para defender os seus). Uma data simbólica, quase sagrada no calendário social e político da Bahia, a qual jamais passou despercebida, em "brancas nuvens", no high-society soteropolitano, mesmo dona Arlete estando - como neste ano - longe de sua terra, sua gente, da Salvador tão querida e da multidão de fiéis amigos que a acompanha desde sempre. O que não desestimulou alguns deles a voarem em direção à cidade maravilhosa - onde certamente dona Arlete deve ter recebido também o carinho dos cariocas e amigos de outras regiões do país - para estar ao lado dela na comemoração destas bem vividas oito décadas de altos e baixos, de alegris e tristezas, de sorrisos e, infelizmente, choro. Amigos-irmãos, à exemplo do padre Luís Simões (da igreja da Vitória), Bebel Dantas, Cristina e Carlos Calumby, entre outros. Não se pode saber o que passou no íntimo desta mulher sofrida num dia tão expressivo como esse, mas pode-se imaginar que a dor da saudade foi o sentimento mais forte e constante, presente. (Sem trocadilho, óbviamente!). E saudade com rostos, nomes e apenas um sobrenome: Magalhães. Só que não existe dor - até mesmo de uma ou, neste caso, de várias saudades - que resista por muito tempo, quando estamos cercados por entes queridos, amigos amados, por um filho amoroso e dedicado (minha mãe costuma dizer que a vida dela não teria sentido se eu não fosse tão presente como sou), por netos e bisnetos que sabem reconhecer (e agradecer) a dádiva recebida de Deus por ter alguém como dona Arlete em suas vidas. E assim, minuto a minuto, a cada abraço e telefonema recebido, o amor foi amenizando a saudade e logo o coração de dona Arlete estava verdadeiramente em paz.
     Arlete Maron de Magalhães. Assim como Maria Betânia é a primeira-dama da MPB, Fernanda Montenegro da dramaturgia e Marta Rocha da beleza (eterna!) nacional, dona Arlete foi - e sempre será - a primeira e única primeira-dama da Bahia. Sua passagem pelo palácio de Ondina e, consequentemente, na linha de frente das Voluntárias Sociais, deixou marcas visíveis e frutos que o tempo não irá apodrecer. Ela serviu como exemplo, como mestra, para outras que seguiram suas diretrizes ao "pé da letra". Isabel Souto, Iolanda Pires (in memoriam), Tércia Borges e - porque não? - até mesmo a descolada, casual, Fátima Mendonça, esposa do governador Jacques Wagner, foram damas que, cada uma em seu tempo e com estilo próprio, seguiram à risca o script traçado décadas atrás por dona Arlete na difícil e nobre tarefa de dar corpo aos projetos do voluntariado. Viúva do saudoso, inesquecível, inimitável e inconfundível - papa da política brasileira - Antonio Carlos Peixoto de Magalhães ou, simplesmente, o amado e odiado ACM. sigla legendária de um homem ímpar, singular, intrigante (sem duplo sentido, of course), o cacique de "cabeça branca", poderoso e polêmico nos meios políticos, admirado e respeitado até por quem não compartilhava de suas idéias. Amado por todos àqueles que sempre desejavam melhorias para a terra de Todos os Santos e igualmente odiado pela turma do contra, os urubús que torciam - e ainda torcem! (de uma maneira velada, mas torcem) - para que a Bahia não saísse do provincialismo. Carniceiros-traidores que inúmeras vezes o apunhalou pelas costas, além de o apelidarem desdenhosamente como Toinho Malvadeza, o Terrível. Jamais tiveram a decência, a grandeza (também seria esperar demais de tanta gente pequena, mesquinha e despeitada) de rotular ACM, mais apropriadamente, merecidamente, como o grande benfeitor da Bahia. Se não fosse ACM - quer queiram ou não - hoje Salvador não seria a terceira capital do país.
     Herdeira de uma família de destaque, dona Arlete esforçou-se desde cedo - apesar de sua timidez - a aprender como transitar com desenvoltura pelos salões da sociedade em sua cidade e, como não poderia deixar de ser, ao casar-se com um jovem e idealista médico (que pouco exerceu a profissão), seu brilho tornou-se ainda mais intenso. Esposa dedicada e mãe amorosa, criou seus quatro filhos orientando-os sob as bençãos da Santa Madre Igreja. ACM Jr., Teresa, Luís Eduardo e Ana Lúcia (falecidos de uma forma inesperada, trágica) cresceram ouvindo da cozinha à varanda da casa o pai traçando estratégias políticas e a mãe sempre atenta, disponível a causa dos mais necessitados, mesmo quando ainda não estava totalmente engajada no métier. Altruísta, generosa, sua vida foi direcionada ao trabalho em prol dos projetos sociais, os quais abraçava com amor e extrema dedicação. Os anos passaram e as vicissitudes da vida transformaram o semblante da primeira-dama numa confusa expressão de inquietude, angústia e impotência. Parecia antever as tragédias que marcariam para sempre sua vida. No auge, no apogeu da carreira de ACM - na época ministro das Comunicações do governo Sarney (1986) - a primeira destas tragédias pegou a todos de surpreza abalando o sólido e invejado clã Maron de Magalhães: a súbita e inexplicável morte de Ana Lúcia. Mas, apezar de toda a dor que estava vivenciando, a espada que - a exemplo de Nossa Senhora - transpassava seu coração despedaçado, dona Arlete não se deixou abater. Tinha plena consciência do papel que ocupava na política e na sociedade e, principalmente, no seio da família de renome que ela ajudou a formar. Com dignidade e bom senso, próprios das mulheres fortes que marcaram presença na história da humanidade, dona Arlete deu continuidade a vida aceitando de cabeça erguida o destino que Deus lhe reservou.
     Muitas mentiras, calúnias, foram ditas a respeito de ACM. Os políticos oposicionistas criavam, a imprensa maldosa escrevia e o povo repetia, sem conhecimento de causa, bordões difamatórios que foram correndo de boca em boca e são famosos até hoje. Só porque não gostavam do líder que ajudou-os a ter orgulho da própria terra. Mas dona Arlete - como a esposa fiel que sempre foi - manteve-se firme, altiva e digna, ao lado do crucificado esposo dando-lhe amor e carinho tão necessários nesses momentos difíceis de suas vidas. Uma grande e excepcional mulher. Não seria exagero dizer que ACM e Arlete foram o caslal 20 de nossa sociedade. À seu modo, foram felizes. Uma felicidade que não acabou quando o caixão de ACM desceu à sepultura do Campo Santo naquela tarde de fortes comoções em toda a Bahia - autênticas e hipócritas, diga-se de passagem - num sábado nada comum em julho de 2007. Afinal, como poderia ser comum se a grande dama estava enterrando não apenas o marido, mas sim o grande amor de sua vida? A esposa, a mulher, a companheira, a amante de tantas décadas, assistia de pé ao lado dos dois únicos filhos que lhe restou (ACM Jr. e Tereza) os sonhos de um político visionário, e revolucionário!, serem enterrados precocemente. (Se vivo fosse, a Bahia hoje não estaria como está!). Lágrimas dona Arlete teve, mas sem choro. Não tinha mais o que chorar, pois já tinha extravasado todas as suas mágoas ao assistir ACM - na intimidade de seu gabinete, longe das câmeras e dos olhares indiscretos - revelar-se um ser-humano como qualquer outro, sujeito as emoções e sentimentos, sucumbir a dor, a mágoa da traição de um correlegionário, de um amigo. Porque não foram poucas as vezes que a raposa velha - no bom sentido! - foi traído, apunhalado pelas costas por pessoas que ele deu a mão, ajudou. E nesses momentos inevitáveis na vida de qualquer político, o único ombro amigo que ACM encontrou foi o de dona Arlete. Os demais se esquivaram, correram dele, deram-lhe as costas.
     É notório em todos os segmentos da sociedade, das altas-rodas aos barracos das invasões suburbanas, que Arlete Maron de Magalhães soube honrar o velho ditado popular: "por trás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher". (E mulher mesmo, com brio, dignidade, e não como certas por aí, as quais - por um par de calças - depreciam-se em atos e comportamentos infames, vergonhosos, atentando contra sua própria feminilidade, posição). E estas jamais poderão ser comparadas, estar no mesmo patamar de uma dona Arlete, a qual sempre foi respeitada e invejada. Ela não escreveu e nem inventou nada, não "poetizou" os negros marginalizados e ainda hoje escravizados nos guetos do submundo da pobreza financeira, educacional e moral. (Se é que me entendem!). Dona Arlete é o orgulho das mulheres de quinze, trinta, quarenta e oitenta anos. Símbolo de esposa, mãe e avó, matriarca de uma família bem posicionada na sociedade brasileira, a qual mudou para sempre a história política da Bahia.
     Discrição, inteligência, dignidade e elegância, seu nome é Arlete. O nome que - como já disse anteriormente - deixou marcas impagáveis no palácio de Ondina. Dona Arlete poderia ser hoje mãe de um presidente da República, Mas quis o destino, incoerentemente, que Luís Eduardo nos deixasse prematuramente. Só que, parodiando outra vez o vox populi, "quando Deus fecha uma porta, escancara uma janela". E, como a primavera depois do inverno, depois da tempestade o sol brilha mais intenso. Dona Arlete está, indiretamente, novamente sob os holofotes de Brasília como avó do deputado federal mais votado da Bahia: ACM Neto. O menino de ouro. Queira Deus - e todos nós acreditamos nisso - que ele, como cópia fiel do avô, dê aos Magalhães o único título que o clã não tem em seu histórico: presidente. 
     Dona Arlete não foi simplesmente a esposa de um grande homem. Ela foi sua parceira, cúmplice nas decisões palacianas que mudaram a cara da Bahia e, quiçá, do país. A dama-mór conseguiu também, por causa de seu carisma e jeito ímpar de ser, transformar a sala do apartamento da Graça - em diversos momentos de sua vida - sucursal da sociedade brasileira, ponto de encontro de velhas amigas, como, por exemplo, Lúcia Flexa de Lima (chique por demais!), Lilly de Carvalho Marinho e Marly Sarney. Mulheres que, cada uma a seu modo, fizeram (e ainda fazem) a nossa história.
     Parabéns não a senhora, madame. Parabéns à Bahia por tê-la como seu cartão de visita.
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!.


                                                                                                                                                                                                   SANFERR, 18.11.2010

CONTATOS:
e-mail: rsanferr@hotmail.com
fone: (71)81545380
home-page: HTTP://SANFERRPRESS.BLOGSPOT.COM



                                 P     A     T     R     O     C     Í     N     I     O

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MARIA BETÂNIA


                                                                                  
                                                    MARIA BETÂNIA
                                         A PRIMEIRA - DAMA DA MPB


     Falar que Maria Betânia é uma grande cantora, intérprete - talvez até mais intérprete e atriz do que cantora - é lugar comum. É batizar o óbvio com água benta tendo como fundo musical o afinadíssimo coral dos anjos, arcanjos e serafins fazendo coro para uma das cinco melhores representantes da MPB que já surgiu no cenário artístico em todos os tempos. Igual, no mesmo patamar, somente as eternas e saudosas Dolores Duran, Elis Regina e Maysa Matarazzo, além da não menos magistral Gal Costa, outro orgulho (vivo!) pras terras do Senhor do Bonfim. O resto - com raríssimas excessões - é presepada, baticum em fundo de garrafa ou lata como numa brincadeira de criança, piada de mau-gosto tocada nas rádios, CDs e palcos de shows descompromissados com a qualidade artística-cultural, para um público sem noção e educação musical, acostumados desde sempre a remexer os quadris ao som de qualquer porcaria que se ouve por aí com cantores (?) que não tem discernimento para perceber que estão na carreira errada. Deveriam ser - por causa dos belos físicos (aliás os neurônios desta gente deve se localizar no bíceps) - desportistas e ficar de boca fechada, conceder entrevistas na base dos sinais. Talentos (?) fabricados no imediatismo - por sucesso e retorno monetário - dos trios elétricos que povoam (e destoam!) as ruas de uma Bahia onde dizem não se nascer. Estreia-se. Será? Realmente, excessões à parte - e toda regra tem uma - apenas Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Claudia Leitte, Virgínia Rodrigues, sem esquecer àquela voz poderosa ( e inesquecível ) de Marinês, ex-banda Reflexus, lembram? Mas, voltando à filha mais famosa do recôncavo baiano, tudo, ou quaze tudo, já foi dito e escrito nestas quatro décadas de sucesso sobre esta grande e inimitável estrela da música popular. É sabido que ela começou carcareando pelos teatros Vila Velha e Opinião, palcos que tiveram a honra de sentir sobre suas madeiras o peso dos primeiros passos de Betânia a caminho dos píncaros da glória.
     Filha de Claudionor Vianna Telles Velloso, a matriarca mais conhecida e respeitada de Santo Amaro da Purificação, irmã de Caetano e da escritora-poetisa Mabel Velloso, entre outros não tão renomados assim, Betânia, apezar do contato diário que mantêm com a mãe através de telefonemas, não é, como pensam alguns desavisados que não conhece as regras do solar da avenida Vianna Bandeira, a "queridinha" de d. Canô por ser a mais célebre. A centenária Claudionor trata todos os seus herdeiros, artistas ou não, com igualdade, com o mesmo carinho e atenção, além de uma comovente devoção de mãe que impressiona qualquer insensível que pegue a estrada para conhecê-la de perto, ouví-la falar de seus filhos no casarão comprado por seu Zequinha com o dinheiro ganho na loteria quando Caetano nasceu. São estórias (e não lendas) como esta que tornam a família fascinante e culturalmente ímpar. Estórias de um casal que, apezar dos poucos recursos financeiros gerados como gerente dos Correios e Telégrafos, soube educar com dignidade todos os filhos, além dos adotados, a exemplo de Eunice Souza Oliveira, a Nicinha, adotada em 1931, e Irene - imortalizada nos versos da canção do mano Caetano - em 1955. A verve artística da família vem desde os tempos de Claudionor menina e adolescente, quando participava de inúmeros espetáculos teatrais, bailes pastoris (espetáculo natalino de tradição portuguesa tão comum aqui no nordeste). A menina Claudionor, futura d. Canô, teve também seus momentos de glória nos palcos da vida, como na peça "Em Busca da Felicidade" onde interpretou Josabel, uma cigana. Não é de estranhar que educada no colégio das Sacramentinas por freiras brasileiras e francesas, lesse com avidez e compenetração própria da idade "Os Miseráveis", de Victor Hugo, clássico da literatura mundial em todos os tempos, em sete volumes...(?)... É de se aplaudir, de "se tirar o chapéu" - como diria a falecida d. Mariáh, professora de minha mãe, lá no interior - uma criança desta tão diferentemente das de hoje em dia, educadas (?) por pais irresponsáveis, axezeiros (e muitas vezes "sacizeiros") na cultura do arrocha e das palavras de baixo calão, gestos e comportamentos obscenos.
     Betânia-criança seguiu o exemplo da mãe e vivia cantando pelos quatro cantos da casa dizendo a todos e, principalmente, para a irmã Clara Maria, sua madrinha de batismo, que seria cantora. Graças à Deus, e para o bem de todos, seu sonho tornou-se realidade. Seu nome, não tão comum assim, foi dado por insistência de Caetano aos pais, enquanto ela era gerada no ventre da mãe. "Vai ser mulher e vai se chamar Maria Betânia", repetia incansávelmente o menino que já chamava a atenção por sua refinada musicalidade aos 11, 12 anos de idade, quando tocou um famoso minueto de Haendel em ritmo de samba. E foi assim, como Maria Betânia mesmo, que a futura rainha, imperatriz e primeira-dama da MPB  foi batizada, depois de um sorteio familiar feito por seu Zequinha. E olhem que naquela época o menino Caetano, apezar que em sua casa respirava-se arte e cultura do raiar ao pôr do sol, não conhecia ainda a canção homônima de Nélson Gonçalves.
     Outro fato interessante na vida de Maria Betânia: ela foi menosprezada, deixada de lado por seus colegas, porque não gostavam de sua voz. Inconcebível! Mas, aconteceu. Ela estudava no convento dos Humildes e não a colocaram no coral das missas dominicais porque, diziam, sua voz era horrenda. A única que gostava de ouví-la cantar era justamente sua fã número um futuramente, d. Canô. O tempo passou -e nada como o tempo para dar tempo ao tempo - e se encarregou de mostrar aos medíocres, incapacitados, que não deveriam ter tido a ousadia de julgar a voz de Betânia. Acredito, pessoalmente, que deve ter aí um pouco de inveja, perseguição das grossas por parte de colegas que hoje, certamente, são... quem mesmo? Nada, ninguém de importância e assistem, revoltadas, o sucesso de Betânia. Toda essa animosidade talvez deva ter um pouco de sentido, visto que - aos olhos de todos - Betânia era um pouco "diferente": introspectiva, de poucos amigos, observadora, inteligentíssima (e o karma dos inteligentes não é a solidão?), traços de personalidade que, naturalmente, causava uma ponta de ciúmes. Betânia não deixou por menos e, sábiamente, decidiu mostrar para todos que se achavam (eu disse achavam) melhor que ela - e nunca foram - o talento que a fazia distanciar-se cada vez mais das pessoas comuns, da plebe, do feijão com arroz dos seres-humanos. Aprimorou seus dotes artísticos-musicais e chegou, então, ao templo das artes baianas naqueles idos (a década de 60): o teatro Vila Velha. Um dia, e sempre tem um dia quando o mundo descobre os bons, Nara Leão a ouviu cantar numa de suas vindas à Bahia. De volta ao Rio e, consequentemente, ao show que estrelava no teatro Opinião, Nara precisou se afastar. E quem ela recomendou aos produtores para lhe substituir? A baianíssima - a promessa da música - Maria Betânia. Era o leão dando vez, voz e lugar para o pássaro carcará. Um pássaro que se transformou em musa, diva, ícone e lenda viva da MPB.
     Do teatro Opinião para os holofotes internacionais do Carnegie-Hall e Olympia. Nova Iorque e Paris iria aprender a aplaudir, de pé, Maria Batânia Vianna Telles Velloso. Ou simplesmente sua Majestade. O mundo logo se rendeu aos encantos - e cantos! - da baiana faceira que tinhaalgo mais a oferecer, além da voz que outrora fora criticada por seus conterrâneos despeitados: a interpretação, o domínio absoluto dos palcos onde se apresentava. (Nada como um dia após o outro e o riso, efêmero, dos inimigos; morram de inveja, suas mocréias despeitadas!). Roma, Paris, Madrid, Nova Iorque, Lisboa... Foi justamente na capital portuguesa que d. Canô surpreendeu-se e emocionou-se às lágrimas quando viu a platéia embevecida e todos, todos mesmo, com os isqueiros acesos. São fatos que chegam ao nosso conhecimento e nos fáz acreditar que Betânia nasceu predestinada, com o talento correndo solto nas veias. Não um talento fugáz, pré-fabricado por empresários mercenários em busca do sucesso "bundante" (se é que me entendem!) rápido, de linguagem desclassificada que consagra os inferiores artísticamente por um período determinado nos arrochas, pagodes e axés da vida, para depois, quando esse tempo passar, esses mesmos serem atirados sem dó e nem piedade no poço do ostracismo.
     Maria Betânia é o diferencial entre "estes e àqueles". (Aliás, é até covardia comparar essa gigante com esses anões da mediocridade). Ela não é somente cantora, intérprete reconhecida pelo mundo afora, pelo povo e a crítica. Betânia é relações-públicas de sua mãe nos assuntos que requer intermediação de um nome de peso, famoso, para resolvê-los. Tanto que conseguiu fazer com que o então governador da época - ACM - restaurasse a igreja matriz de Nossa Senhora da Purificação com um simples telefonema seu. Falar sobre esta personalidade santamarense, baiana, brasileira e mundial, requer muito tempo, muitos dias de conversa. Conhecer, tocar, ouvir, sentir, viver, presenciar o fenômeno, a pessoa Maria Betânia - que não gosta de ler jornais - é como morrer e estar diante de todas as maravilhas e recompensas celestiais. Sua aparição na cena da vida é igualmente triunfal como na cena do palco: deslumbrante, um colosso. Não importa a distância, a cidade; vai-se atrás dela a pé, de avião, de buzú, no lombo do jegue, até São Paulo, Rio, Salvador, no Oiapoque, no Chuí, sem medo de errar, sem medo de gozar momentos de extrema felicidade. Grandes metrópoles, grandes casas de espetáculos tornaram-se pequenas diante deste talento. A Europa com toda sua tradição de boa música e a América - não tão idosa assim - mas também não menos rigorosa com relação aos melhores artistas, é criteriosa no item qualidade. E aplaude de pé a emoção que emana por todos os poros de Betânia quando ela está sobre o palco. E Betânia num palco é uma rainha no seu trono, uma sacerdotisa no altar. Altar este que não é profanado por uma sacerdotisa, a qual não envergonha seus discípulos - neste caso, os fãs - pagodeando ou arrochando letras (?) sem nexo, que podem ser tudo, menos música. E tudo de ruim, chérrie!
     Para se fazer admirada, amada e respeitada, ter sucesso, Betânia não precisa fazer média - como uns e outros por aí - com grupinhos de nonagésima nona categoria (se é que tem alguma!), em ensaios e festas de verão, músicos de uma nota só, de rimas e refrões que, acintosamente, despudoradamente, atentam contra nossa audição em butecos de esquina, nas praias, na vizinhança incomodativa e sem desconfiômetro, nos estridentes alto-falantes dos automóveis de donos que "nunca comeu melado"... Situações deselegantes que temos de conviver diáriamente, principalmente nos bairros populares, nas cidades do interior. Grupinhos sem nenhum talento aparente - a não ser o fisiculturismo, a burrice crônica e o rebolation - sem nenhum comprometimento com a moralidade, já que, sem trocadilho, seu único "atrativo" (além das calças coladas ao corpo e um belo derriére) é a imoralidade de suas coreografias, de duplo - e explícito - sentido que só agrada e fáz sucesso com um público que não pode ter, ou não quer, acesso à boa música, aos cantores e grupos de nível. A indecência para essas pessoas de gosto e estilo de vida duvidosos, corre na contramão da sensualidade. E sensualidade é o que a nossa diva tem de sobra. (Essa geração teen precisa de um curso urgente de coisas boas da vida).
     Falar que Maria Betânia é adepta fiel dos rituais do camdomblé, uma das pupilas mais famosas do terreiro do Gatois e ao mesmo tempo devota de Nossa Senhora da Purificação, não é nenhuma heresia. A seita de origem africana e a religião católica milenar fundem-se misteriosamente no sangue dela. Caseira, avessa as badalações do meio artístico, Betânia dorme e acorda cedo quando não está em turnê. Por incrível que pareça, ela mesma apara as pontas de seus longos e sedosos cabelos. Profetiza, não errou quando disse há anos atrás que Ivete Sangalo seria o que é hoje em dia muito antes da juazeirense cair nas boas graças do público. Apezar de toda sua divindade artística-musical, Maria Betânia é a personificação da generosidade quando é apresentada a novos talentos, seja em que área for. Recebe e trata todos com uma elegância, uma classe... Porém, ela sabe separar o "joio do trigo", o "alho dos bugalhos", mantendo - não poderia ser diferente - uma distância digna e respeitosa com àqueles chatos de carteirinha, os "malas" de plantão, os quais, sem ter o que dizer, se aproximam dela apenas para ver, tirar a tal "foto pros amigos". Verdadeira, transparente, Betânia está acima do bem e do mal, dos comentários maledicentes e caluniosos de pessoas que querem falar mal, denegrir sua imagem. De tudo ela já foi chamada, rotulada, mas como dizia o mestre, o papa do colunismo brasileiro (Ibrahim Sued) "os cães ladram e a caravana passa"... Ademã!... Não adianta inventarem que ela fez, que ela disse isso e aquilo, porque Betânia não irá dar ouvidos, ela está adiante do seu tempo, à quilômetros-luz do mesmismo, da vulgaridade. Por tudo isso, não é exagero algum quando se diz que Betânia, a fera que de ferida não tem nada, veio ao mundo para cumprir um grande papel: brilhar, reinar absoluta sobre tudo e todos, passar, não olhar e ser vista, comentada, bem ou mal (mas falem, badalem seu nome!). Cantar e cantar... e não cacarejar nas rádios como várias por aí que confundem palco com poleiro e cloaca com útero. (Tem mulheres, muitas delas, que se acham o máximo - "eu sou mulher" - por terem tido o previlégio de nascer fêmeas, mas, se por um segundo, olhassem suas tristes figuras no espelho, a inutilidade, a falta de valor de suas vidas inexpressivas, transformariam-se correndo... deixa pra lá!.
     Maria Betânia canta mesmo. Interpreta. Vem de dentro para fora. Sente no fundo do coração e da alma a letra da canção. Caras e bocas, pulos de uma lado ao outro do palco, ela não fáz. Ela o domina simplesmente voando como um pássaro em liberdade. Sensualmente, elegantemente. Nossa abelha-rainha. Cabe a nós, súditos, a plebe boquiaberta, extasiada, aplaudir. Quer queira ou não.
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!


                                                                                                                                                                                                  SANFERR, 11.11.2010

CONTATOS:
e-mail: rsanferr@hotmail.com
fone: (71)81545380
home-page: HTTP://SANFERRPRESS.BLOGSPOT.COM


____________________________________________________________

              P   A   T   R   O   C   Í   N   I   O



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O CRIADOR E A CRIATURA

ACESSOS
BALANCETE MENSAL
   (MÊS 01 - PERÍODO)
01.10.2010 a 01.11.2010
 home-page:
        HTTP://SANFERRPRESS.BLOGSPOT.COM
   (75.815)
                                 (NÚMERO OFICIAL ACESSOS AO BLOG)                                  
   PARABÉNS, SANFERRPRESS!! 



O  CRIADOR  E  A  CRIATURA
A  VITÓRIA  DE  UM  CABO  ELEITORAL  DE  PESO


     Passados os primeiros instantes de uma euforia com ares (e cor avermelhada!) de alter-ego feminista com direito a batom, tailleur e bota ortopédica que tomou conta das ruas e praças do país por conta da vitória - não tão expressiva, surpreendente assim - nas urnas da candidata petista à presidência da República, seu mestre e chefe (?) pode-se dar, finalmente, ao luxo de descansar, "dormir o sono dos justos nos braços de Morfeu", porque conseguiu alcançar o que ele (Lula) mais desejou nos últimos tempos, colocado como item número 01 em sua agenda presidencial: eleger Dilma Rousseff. Seu objetivo foi plenamente atingido graças ao apoio de pouco mais de 55 milhões de brasileiros. Não foi uma vitória esmagadora, humilhante, um verdadeiro massacre nas urnas, como muitos políticos e militantes do PT e dos partidos coligados pensavam, visto que 46% da população decidiu que José Serra (PSDB) seria o ideal neste momento para dirigir os rumos da nação. Mas, seja por hum ou dez mil votos de diferença, o que importa é a vitória e o Estado democrático brasileiro, mais uma vez, ditou as regras, mostrou que está cada vez mais firme e forte. Agora é arrumar as malas, gozar o tão merecido descanso - fantasiado de viagem à trabalho! - e sair por aí exibindo aos quatro cantos do mundo seu maior troféu: a transformação em presidente de uma ex-guerrilheira que foi presa e torturada pela ditadura militar. E os primeiros territórios a serem visitados serão o africano e asiático, mais precisamente a Coréia, na reunião dos maiores chefes de Estado. Coincidências diplomáticas à parte, melhor hora e local Lula não poderia ter escolhido para "apresentar", digamos assim, Dilma aos seus futuros colegas estadistas.(Será que nossos irmãos de "olhinhos puxados" irão conseguir pronunciar seu sobrenome corretamente? Ou será necessário levar um professor-tradutor na comitiva presidencial para um curso intensivo de linguística búlgaro-tupiniquim?).
     Luís Inácio "Lula" da Silva, o retirante nordestino que, por causa da miséria e da fome, bandeou-se ainda menino com toda a família para terras do sul-maravilha - apesar que para a família Silva não foi inicialmente tão maravilhoso assim, sofreram na pele e na boca, principalmente, o "pão (ou falta dele) que o diabo amassou" na fornalha dos quintos - na carroceria de um pau-de-arara, comendo poeira e se empanturrando de esperança por dias melhores. Por estas e outras, pode-se dizer que Lula é um guerreiro. Persistente, determinado e visionário, não se deixou abater diante das três sucessivas derrotas para Collor e FHC, só conseguindo subir a rampa do palácio do Planalto, com pompa e circustância petista, na quarta tentativa. Ele é o típico e notório exemplo para todos que, em qualquer área profissional ou nas mais adversas situações da vida, sentem-se derrotados. Pelé, Roberto Carlos, dentre vários outros que hoje são renomados, foram discriminados, desprezados e, por pouco, não desistiram das carreiras que os colocou no topo do Olimpo, onde somente os bons (e não os medíocres, sem ideias, talento e competência), cedo ou tarde, chegarão. O carisma de nosso atual presidente é inegável. Mesmo sem jamais ter "alisado o banco da ciência", ter no dedo e na parede o aval de "doutor", ele foi, é e continuará sendo o "diplomado" que nunca frequentou uma universidade. Sabe dizer as frases que o eleitorado (hipnotizado!) quer ouvir na hora certa, fazer com que o povo se espelhe nele, acredite que é possível sonhar um dia ser prsidente. (Segundo Dilma Rousseff em entrevista a William Bonner, nos estúdios do JN em Brasília, na noite do último dia 01, todos tem esse sonho).
     Mesmo não votando no PT e, cosequentemente, em Dilma Rousseff, não posso deixar de reconhecer que Lula é o Harry Houdini (mágico) da política brasileira. No bom sentido, of course! O que ele disser, o que ele fizer (mesmo sendo invenções, criações de marqueteiros), é lei para um povo que - em sua grande maioria - não tem maturidade política e consciência para julgar o que é melhor no todo, no conjunto para o Brasil. Vêem apenas o que é melhor para seus próprios - e pequenos - interesses. Desde que me entendo como gente e assumi meu direito constitucional de eleger nossos representantes, acredito que, independentemente de "simpatias" por este ou àquele candidato ou idelogias partidárias, nós temos a obrigação de sermos coerentes e sensatos na hora de votar. Porque será o Brasil que estaremos ajudando a construir ou destruir. Tanto que mesmo sendo de um partido que hoje é oposição, dou a mão à palmatória e com humildade digo que Lula é o papai noel na festa de natal de nós, pobres e mortais nordestinos. Até quando não se sabe, não se pode prever. Simpatia e antipatia do eleitor é como "folha ao vento": voa de lá pra cá, sem destino certo. Nunca se pode saber onde vai parar, cair. Hoje é a dobradinha Lula X Rousseff, amanhã... só Deus sabe. Vai depender únicamente dela permanecer ou não daqui a quatro anos nas boas graças do povo. E para que esta confortável situação se perpetue ela tem de ficar atenta não as críticas da oposição (porque estas fatalmente acontecerão), mas, principalmente, a intensa fiscalização daqueles que lhe confiou o voto. E sabe porque? Por conta da falta de um currículo político e se não tomar medidas impopulares como a volta da CPMF (o imposto do cheque), o adiamento do aumento do salário-mínimo para (AINDA?)  o final de 2011... Presidente eleita, lembre-se que quatro anos passa rápido e quem lhe carregou no colo até a cadeira presidencial, poderá puxar esta mesma cadeira daqui há pouco. O trabalhador brasileiro não é "marajá" (citando um termo da década de 80) que ganhe bem, se alimente e vista-se melhor ainda, tenha médicos e dentistas à disposição, como a presidência e os governadores, os quais, além disto tudo (e muito mais), tem também carro, seguranças, avião, assesores, esteticistas, maquiadores e cabelereiros, etc., etc., etc. Ora! Dizer que vai depender dos governadores a retomada do imposto sobre os cheques para melhor a Saúde? Que Saúde, madame? Esqueça quem é, deixe os benefícios que apartir de janeiro o novo cargo vai lhe conferir e vá. como qualquer brasileiro, buscar assistência médica nos postos de saúde (?), nos hospitais, nas Emergências. Se achar atendimento (se achar!) será péssimo ou, então, marcado para daqui a... seis meses? Presidente eleita, a senhora e os governadores não vão gostar "nadica de nada" dessa situação. É confortável falar-se de R$ 538,00 quando se pode gastar isto num simples jantar ou com uma bolsa de griffe. E viver com este "salário extraordinário" durante trinta dias? O povo não come lagosta, não, senhora. A sobremesa não é crèppe-suzette, não. É, quando dá, a boa e velha goiabada de embalagem plástica. Presidente eleita, coloque-se no lugar de milhões que estão morrendo de fome e, na hora do "rango" (ou falta dele) olham pro céu clamando misericórdia divina, e o que vêem? Seu avião presidencial passando por cima deles. É esta a retribuição para um povo sofrido, necessitado de apoio, que lhe botou onde está? Um salário de miséria, de fome? 
     Este mesmo povo não vai perdoar nenhum deslize, nenhuma quebra de salto (scarpin) Luís XV. Futuramente, duas frases poderão ser ditas entre a plebe: "eu sabia, porisso não votei nela", ou então, "pra que fui votar nessa mulher, meu Deus?" Como cidadãos, vamos torcer para que tudo dê certo e a nova presidente da República Federativa do Brasil, a quase búlgara Dilma Rousseff consiga dar conta do recado. Disse ela em seus primeiros pronunciamentos pós-eleição que irá manter uma relação cordial com os opositores. É o certo, pois o que está em jogo não são ressentimentos, mágoas e feridas não cicatrizadas de uma campanha onde mentiras e verdades, ofensas gratuitas, foram ditas ao bel-prazer de quem quis, com o único objetivo de desestabilizar o processo democrático. O que está em jogo é o Estado, os interesses políticos, sociais e econômicos de uma nação com dimensões continentais gigantescas. E governar um país como este não é a mesma coisa de comandar um grupo de vinte ministros de Estado que dirão "amém, amém!" a todas as ordens, com medo de perder o cargo. Agora, serão 190 milhões de brasileiros para agradar.
     Desta eleição de 2010, uma lição certamente foi aprendida: a força dos institutos de pesquizas. Mas, quem poderá garantir sua imparcialidade? Particularmente, continuo não acreditando totalmente na veracidade delas, acho que são tendenciosas, forjadas conforme as conveniências de A ou B para conquistar a opinião pública, fazer o povo eleger determinado candidato. E os eleitores "maria vai com as outras", para não perder (?) o voto, segue à risca a cartilha dos institutos. (È como alguém que não gosta de outra pessoa e espalha um boato falso, uma calúnia milimétricamente arquitetada para desmoralizar, denegrir a imagem do desafeto e este gesto irresponsável, de mau-caratismo explícito, passado de boca em boca com aumentos e requintes de crueldade, maledicências, torna-se uma verdadeira bola de neve, uma temível e devastadora avalanche montanha abaixo).
     O certo - e nunca é demais relembrar - é que a eleição de Dilma Rousseff se tornou viável, não por causa dos méritos políticos-administrativos dela. Ela venceu José Serra por ter a seu lado o mais importante dos cabos eleitorais que se tem notícia nas recentes disputas presidenciais do Brasil: o próprio chefe da nação e toda a máquina governamental disponível, além da cumplicidade dos famigerados institutos de pesquizas, sem falar nas tais "bolsas (porta-níqueis) não sei de que". O estardalhaço com que seu nome foi levado do gabinete presidencial a boca do povão foi suficiente para calar - e enterrar numa cova profunda - a indignação e revolta de 46 milhões de brasileiros diante de escândalos intermináveis, um após o outro, corrupção, meias e cuecas. (Se é que me entendem!). Também! Não poderia ser diferente. Não é notório, folclórico até, que por aqui tudo termina em carnaval, samba, suor (praia e cerveja? Pois, então? O povo deve estar felicíssimo com tantas festas, tanta cervejada, tanta churrascada na laje (churrasco com carne dos pobres bichanos, porque o boi tá pela hora do suicídio!), tantos batuques e gritos de "olê, olê, olá!..." Deus queira que o refrão depois não se torne outro. Como já disse anteriormente, cabe somente a nova presidente saber como conduzir, direcionar os rumos de um governo que tem tudo para dar certo, ao menos em nível de popularidade. Não dizem por aí que "filho de peixe, peixinho é?"
     "Se Dilma tá ganhando, meu voto é que não vou perder" - frase mais dita e ouvida nestas últimas semanas que antecederam o segundo turno, principalmente aqui no nordeste, onde tem-se a impressão que o sol abarzador afetou os neurônios de determinados indivíduos. Esta opinião anti-democrática, anti-política e anti-tudo, tornou-se um verdadeiro efeito dominó à favor da candidata petista. O tempo (os próximos 4 anos) e as ações (o governo) de Dilma Rousseff dirão se, realmente, a voz do povo é a voz de Deus. E o que se espera é que não aconteça por aqui o mesmo que está acontecendo nos EUA, onde o governo de Barack Obama, depois de dois anos, está atravessando a sua pior fase com o dólar em queda, o desemprego assolando a terra do tio Sam de norte a sul e uma economia assustadoramente paralisada. Lembrem que o primeiro presidente negro da história daquele país - a exemplo da primeira mulher presidente aqui - foi ovacionado pelo povo, levado à Casa Branca nos ombros dos norte-americanos e hoje a nação mais poderosa do mundo encontra-se numa tremenda saia justa. Culpa de mr. Obama? Não. Culpa do povo que deposita todas as suas expectativas nas mãos de simples seres-humanos, mortais como qualquer um de nós, achando que são Deus. Para se ter uma idéia, o partido de Obama (Democratas) sofreu há pouco, no último dia 02 pp., o pior desgasta político dos últimos tempos, quando perdeu muitas cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. E o outro (Republicano) conseguiu eleger 31 governadores. Este cenário já podia ser observado desde o dia 08.10 (segundo o jornal Folha de São Paulo) quando uma pesquiza da rede de TV CNN juntamente com o Institute Opinion Research Corporation apontou que a popularidade de Barack Obama cresceu apenas 3% em hum ano e 52% não aprova o governo dele. Observem, tanto aqui como lá, como as famigeradas pesquizas influi o eleitorado.  É para se pensar ou não?
     
Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!  
                                                                                                                             SANFERR, 04.11.2010
                                                                                                                                                                                                              
CONTATOS:
e-mail: rsanferr@hotmail.com
fone: (71)81545380
home-page: HTTP://SANFERRPRESS.BLOGSPOT.COM