LADY DI,
NA HISTÓRIA DA NOSSA PRINCESA DE GALES, A INSPIRAÇÃO DE KATE, DIZ O TÍTULO ACIMA.
Amanhã a abadia de Westminster (Londres, Inglaterra), um prédio gótico que ao longo dos séculos virou mausoléu de famosos e nobres, receberá sob seu imponente teto secular (novamente) uma princesa do povo desde que a última - Diana - por ali passou pela última vez à caminho da morada eterna na propriedade da família Spencer, na cidade de Althorp, em Northamptonshire, a 130 quilômetros da capital inglesa, na triste manhã do dia 06 de setembro de 1997. Lá se vão quase quatorze anos de uma dor que marcou para sempre os corações dos súditos da rainha Elisabeth II e de milhões de pessoas ao redor do mundo. Princesas assim, amadas e endeusadas pelo povo, só existiu duas: a própria Diana e Grace Kelly, de Mônaco (1929-1982), também morta trágicamente num acidente automobilístico. Por ser de uma época na qual qual as figuras da realeza estão mais vulneráveis ao poder da mídia eletrônica - e também por seus "feitos" dentro e fora do palácio de Kensington, sua residência oficial - a morte de Diana causou maior comoção. Naquele ensolarado (mas sombrio para os fãs) sábado do longíncuo mês de setembro de 1997, o semblante do princípe William, aos 15 anos, primogênito do futuro rei da Inglaterra (Charles) - e ele próprio o segundo na linha de sucessão - estava visivelmente marcado por uma dor inconcebível para quem não passou por ela. Afinal de contas, estava sepultando a rosa da Inglaterra, sua mãe e única amiga, num mega funeral-show (?) transmitido ao vivo para milhões de telespectadores ao redor do planeta. Agora, mais uma vez, William será o centro das atenções, só que numa situação completamente diferente. O choro contido pelo protocolo real britânico dará lugar amanhã ao sorriso, já que estará desposando o - só o tempo dirá - grande amor de sua vida, a plebéia Catherine Elisabeth Middleton, ou, simplesmente Kate.
Diana X Kate. O que há em comum entre as duas? Beleza, popularidade e, principalmente, uma personalidade forte e marcante, já deu para se notar. Estilo próprio? Poucos o tem. Enquanto Lady Di era originalíssima, Kate dá a impressão - novamente o tempo dirá - que está fazendo um esforço meticulosamente estudado para ser uma autêntica representante da classe, do charme e do fascinante estilo "Lady Di de ser" (e viver!) numa família real desprovida de glamour, encanto e beleza desde que Camila Parker-Bowles assumiu o coração do futuro rei da Inglaterra. (Ou não!). Amanhã e nos próximos dias e meses, Kate será, lógicamente, o centro das atenções, suas roupas ditarão moda (?) e suas aparições em público ovacionadas e comentadas em todo o mundo. Mas somente daqui à alguns anos as diferenças (hoje visiveis aos olhos dos mais atentos, observadores) surgirão e, então, ela será aprovada ou rejeitada pelo vox populi. (Tão impiedoso como bajulador, dependendo da situação). Não dizem por aí que o tempo é o senhor absoluto da razão?...
Years have elapsed, people will pass by anda friend will not be forgotten. ("Passaram-se anos, passarão pessoas e o amigo ficará").
Diana Frances Spencer, a futura princesa de Gales, nasceu em 01 de julho de 1961 no condado de Norfolk, sendo a terceira filha de John Spencer, visconde de Althorp, com Frances Roche, a qual fugiu quando Diana tinha 7 anos com o milionário Peter Shand-Rydd, deixando-a, juntamente com seus três irmãos (Sarah, Jane e Charles) aos cuidados do pai. Anos depois, após ser matriculada na Silfied School, uma escola aristocrática de Norfolk, Diana veria seu pai casar-se novamente, desta vez com Raine, condessa de Darthmounth. Já em Londres, três anos depois, Diana aprendeu a tocar piano na West Heath School seguindo os passos de sua avó Ruyth (Lady Fermonoy), uma exímia pianista. Como Cinderela, a princesa irreal dos contos de fadas, Diana cresceu tímida, frágil e sem nenhum atrativo aparente que desse margem a alguém suspeitar que um dia seria o que foi. (E sempre será). Tinha vergonha de tudo e todos, sua presença passava despercebida em todos os lugares, já que ela ficava (quase) sempre à parte, solitária, de cabeça baixa, colada a parede, sem amigos e muito menos rapazes interessados em sua figura esguia, até mesmo feiosa, sem nenhum charme. (Pobres plebeus, medíocres e insignificantes, que menosprezaram àquela que mais tarde transformou-se em tudo que eles jamais foram). Enquanto fisicamente Diana era a personificação do "patinho feio", a cabeça dela voava sonhando com os personagens românticos das novelas de Barbara Cartland, sua avó postiça. Os anos passaram. Diana, aos poucos, foi se transformando por dentro e por fora mostrando interesse pelos esportes, especialmente a natação e o tênis. Quando foi estudar no Institute Alpin Videmanett, perto de Gstaad (Suíça), ela vivia pedindo à família para voltar para casa. Parecia que o destino conspirava à seu favor e ela antevia o futuro glorioso na capital inglesa.
Diana conheceu o princípe Charles quando tinha 17 anos e ele, bem mais velho, estava cortejando a irmã dela, Sarah. A diferença de idade, os sonhos românticos (e fantasiosos criados por uma mente delirante, digna das grandes personalidades que marcam sua passagem neste planeta) da donzela e a experiência (bota experiência nisso!) do filho da rainha, viriam a lhe trazer sérios problemas muitos anos depois, os quais a fizeram chorar inúmeras vezes em público, contrariando todas as regras de etiqueta e cerimonial do palácio de Buckingham. O desfecho de um casamento que começou como os das fábulas, realizado com toda pompa e circunstância no dia 29 (coincidência com a data de amanhã?) de julho de 1981 na catedral de Saint-Paul, não foi nada pomposo para a princesa e nem agradável para milhões de admiradores que torciam por sua felicidade. Lady Di viu seus sonhos ruírem como castelo de cartas ao perceber o distanciamento, a frieza e as constantes humilhações do marido amado. A garota-propaganda do Reino Unido passou por momentos amargos, difíceis, traída por todos, principalmente os falsos "amigos" que arranjava para fazer ciúmes no princípe. Lady Di nunca traiu Charles. (Levou fama, mas sem proveito). Uma mulher loucamente apaixonada por seu homem não consegue traia a confiança dele. Ela apenas fez muita exposição de sua pessoa de uma maneira errada e os tablóides sensacionalistas aproveitaram para denegrir seu nome, difamar. Perseguida pelos paparazzi - que provocaram sua morte sob a ponte D'Alma, em Paris, na madrugada de 31 de agosto de 1997 - Diana não tinha paz, privacidade até mesmo quando queria estar às sós com seus dois filhos (William e Harry) ou, então, já separada oficialmente, curtir a companhia daquele que deveria trazer-lhe serenidade e a tão almejada felicidade: o egípcio Dodi Al Fayed. Quis o destino que os dois morressem juntos.
Kate X Diana. A criatura diante da figura mitológica de sua criadora. E a estória, o conto de fada (outra vez?) está apenas começando. A realeza, os súditos e os admiradores de todo o planeta esperam que, desta vez, o princípe não vire sapo e esteja desposando um amor de verdade. A festa, o frisson das bodas irá passar e, sem trocadilho, somente o tempo dirá o que realmente se passa no coração do herdeiro - em todos os sentidos? - do princípe Charles. Uma questão mais relevante do que esse oba-oba que estão fazendo com o casamento real deverá afligir os ingleses nos próximos tempos: será que William se lembrará da história recente protagonizada por sua mãe e saberá respeitar Kate como esposa, mulher e, principalmente, a mãe dos filhos que certamente terão? Tomara que sim. Do contrário, a rosa da Inglaterra murchará no túmulo da decepção e do desgosto, enquanto a nova princesa (Kate) descobrirá, entre lágrimas e constrangimento público, que uma plebéia não entra para a família real impunemente.
Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!
SANFERR, 28.04.2011.
a ESFINGE:
"Um epíteto é amante, não esposa de um substantivo. Entre as palavras são necessárias relações passageiras, não casamentos eternos. Nisso está a diferença entre um escritor original e um que não o é".
ALPHONSE DAUDET (1840-1897), escritor francês.