quinta-feira, 7 de outubro de 2010

BENTO XVI
UM NOVO (E CONSERVADOR?) ROSTO PARA A IGREJA

A igreja (verdadeira e única!) fundada pessoalmente pelas palavras do próprio Jesus – quer queiram ou não outras crenças e religiões – há mais de dois mil anos num rápido, mas bastante expressivo e histórico diálogo entre Ele e Simão Pedro (Mateus, 16, VS. 13-20), é a católica. Se fosse diferente, as palavras ditas na tal conversa não teriam sentido e Pedro não seria o primeiro papa. Muitos, hoje e outrora, desde sempre, querem esquecer os fatos vivenciados físicamente pelo Cristo. Martinho Lutero foi um deles. Talvez – por ansiar esconder esta verdade – tenha sido o mais demente, revolucionário e rebelde líder religioso que já se ouviu falar. Agora, em pleno século XXI, mais precisamente de cinco anos para cá, a igreja católica tem tido um representante à altura da responsabilidade confiada pelo Filho do Homem ao sucessor de Pedro, ao “pescador de homens” e não “caçador” de fortunas, como em certas religiões que proliferam vergonhosamente, assustadoramente por aí visando únicamente a conquista de bens materiais, pouco se lixando com o maior ensinamento de Cristo: o amor ao próximo, a salvação das almas. Este ser iluminado pelo Espírito Santo é o santo Padre, Sua Santidade, o papa Bento XVI, sucessor do inesquecível e – também “santo” (pelas sementes que plantou) – o inconfundível João Paulo II. Bento XVI tem noção do dever à cumprir, da herança que recebeu com a morte de João Paulo II, como chefe da igreja milenar e, porisso mesmo, tem correspondido satisfatóriamente a todas as expectativas que os fiéis católicos depositaram em suas mãos desde que foi escolhido pelo colégio cardinalício para sentar na cátedra de Pedro.
Num momento delicado, constrangedor, no qual o Vaticano sofre com as notícias escandalosamente divulgadas mundo afora sobre a má conduta de alguns de seus comandados, o papa tem se mostrado firme e justo – não poderia ser diferente sendo representante de quem é – agindo com coerência aos seus princípios morais e religiosos, além de sociais, para “exorcizar” do seio da Santa Madre Igreja essas “ovelhas desgarradas do rebanho”. E aí, neste exato momento, não é o papa quem age; mas sim o homem de bem, o chefe de Estado respeitado, o cidadão de origem alemã. Críticas e ataques ao seu pontificado nunca abalaram a serenidade que lhe é peculiar e a confiança absoluta n’Aquele que orienta todos os seus passos à frente da igreja: o Espirito Santo. Claro! Ele sabe que é, digamos assim, o primeiro-Ministro de Deus na terra. O único entre os homens que reis e rainhas, cabeças coroadas, se curvam. (E em qual outra religião temos um líder com esta importância?).
Meticuloso – e, como todos os sábios – ouve mais do que fala. (Mas tem, coitado!, de ouvir cada pergunta, cada comentário infeliz de certos interlocutores, certos “entrevistadores” (?), os quais deveriam se informar mais sobre assuntos teológicos antes de abrir a boca). Por outro lado, quando se faz ouvir é objetivo tocando “sem dó e nem piedade” na ferida de quem está acamado, ou seja, os pecadores. (Todos nós!). Vai direto ao assunto, doa a quem doer, defendendo veementemente suas convicções, seus pontos de vista, sempre pertinentes, relevantes. É assim com a questão do aborto, do uso dos preservativos, dentre tantos outros temas que a igreja combate radicalmente e o povo – como sempre! – alheio as graves conseqüências futuras que tais atitudes podem trazer às suas vidas, começa a questionar, criticar. O que o povo quer? Se auto-proclamar um novo Martinho Lutero? Afrontar o papa, desafiar a Santa Sé? Ou quer, então, uma nova Reforma? Não é para se duvidar disso, já que tudo pode acontecer numa sociedade tão mística e profana como a que convivemos. Não é novidade para ninguém que hoje funda-se igrejas como quem inaugura uma casa comercial, um buteco de esquina e neles se vende de tudo: águas miraculosas, óleos santos que curam doentes terminais, ou até mesmo um lote no céu. Não é de admirar que tais “igrejas” – as quais falam mais no diabo do que no próprio Deus em seus cultos – cheguem ao cúmulo de afirmar que, em troca de alguns reais, que fecharam as portas do inferno, do purgatório, e todos (que comprarem a passagem, óbviamente!) irão direto para o paraíso, banquetear-se na ceia divina, entre Deus e Jesus, sob o olhar atento da pomba do Espirito Santo. Longe, claro! – já que, segundo eles, Ela lá não se encontra – do olhar piedoso da Mãe de Deus, a sempre (para nós) e nunca (para eles) Virgem Maria. Blasfemos! Como podem pensar que estão agradando a Deus se, por outro lado, xingam e desrespeitam a Sua Mãe?
Mas os problemas que Bento XVI tem enfrentado diariamente no seu gabinete papal não são apenas estes. Outros acontecem dentro da própria igreja. Por exemplo, o falso católico. E aí vocês perguntam: e tem esse também? Só tem. Aqueles indefinidos, que acendem uma vela para Deus e outra pro diabo, dançam por aí de saias rodadas e engomadas com um charuto do tamanho do mundo no canto da boca fingindo que estão incorporados, do que mesmo? Ah, lembrei! Dos “santos” (?). Como se alguém que passou pela terra com um comportamento de vida edificante, santificado, fosse “baixar” em terreiros para incorporar em qualquer um trambiqueiro ignorante que se diz “pai de alguma coisa”... O falso católico não sabe o que quer: vive pulando de um lado ao outro como macaco safado nos galhos de uma vida religiosa profana. E o pior que se dizem, afirmam categóricamente, que são católicos. Pergunte a eles o que é homilia, eucaristia, santos sacramentos, etc. Mas, enfim, não se pode fazer nada, já que não existe religião mais democrática e menos preconceituosa que a fundada por Jesus. Todos são aceitos e respeitados, jamais questionados assim que chegam com perguntas cretinas do tipo: “quer se entregar a Jesus?”. Ora! E desde que nascemos e, principalmente, fomos batizados e passamos de criaturas para filhos de Deus, somos – segundo eles – filhos de quem? De satanás? Se o próprio Cristo derramou seu precioso sangue para nos salvar, estes cristãos (?), nossos irmãos evangélicos, nunca ouviram falar em fé, esperança e caridade. Falso católico dá lugar as outras religiões atacarem, jogarem pedra na nossa, quando – sem a menor confiança no Todo Poderoso – buscam seitas e crenças à margem da Verdade para, entre um feitiço e outro, oferecer animais em sacrifício, buscando resolver assim seus problemas com o “preto veio”. Este, coitado!, está tão velho, caduco, que nem os próprios problemas consegue resolver, quanto mais os alheios. Eis aí, afinal, o retrato fiel do falso católico, que vai a Missa, comunga, adora (?) a Virgem Maria – quando na verdade Ela é para ser venerada – e, no final, entende muito mais de mandingas, sortilégios e advinhações sobre o futuro, do que o evangelho. É catedrático na arte de poluir rios e lagoas, contaminar as matas com seus “despachos” para prejudicar terceiros. Servem assim dois senhores ao mesmo tempo, sem lembrar que um deles – o pior – vai cobrar um preço alto demais no final das contas.
Bento XVI tem, a exemplo de Paulo de Tarso, um longo e espinhoso caminho diante de si até conseguir – se é que irá! – evangelizar estes católicos oportunistas. (E não estou julgando: são fatos, é a realidade). Discreto, Bento XVI não aparece com freqüência na mídia, não é um papa pop. Deveria, pois muitos crentes, católicos ou não, estão precisando urgentemente entender o significado real da palavra fé. Ele prefere agir nos bastidores da igreja, longe dos holofotes, ao contrário de outros líderes religiosos – inclusive alguns padres e bispos – os quais transformam suas celebrações em espetáculos digno de estelas do show-business. Com a desculpa que estão evangelizando, dão vez (e voz!) a seu egocentrismo, seus espírito frustrado de estrela decadente, correndo na contramão dos verdadeiros evangelizadores, a exemplo de São Francisco de Assis, Santa Tereza D’Avila. Santo Inácio de Loyolla, dentre outros, os quais fizeram da humildade uma plataforma política para fins religiosos. E o pior é que alguns fiéis do rebanho desses super-stars vão as igreja agindo como se estivessem num teatro adorando – não a Santíssima Trindade e venerando Maria –mas, sim, os astros dos altares. Afinal de contas, igreja é lugar de bíblia e terço ou de máquinas fotográficas, celulares com câmera? Justamente na hora do santo Evangelho? Da consagração da hóstia e do vinho na carne e no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo? Óbviamente, o papa não deve aprovar tal comportamento, esses métodos “espetaculosos”, “carnavalescos” para evangelizar, atrair fiéis para a igreja.
Bento XVI sabe –e, certamente, deve dizer isso frequentemente aos seus bispos e padres – que igreja é a casa de Deus e não teatro: que púlpito não é palco e sacristia camarim. Quem deseja estar contrito com Deus, comungar dos seus ensinamentos, vai aos templos sem esperar encontrar lá batuque, remelexo, um quase samba-pagodeante (?) beirando a profanação, aquém do silêncio respeitoso que a casa d’Ele exige. Nada contra os carismáticos que – por conta dessa atitude – podem ser confundidos com antipáticos, mas uma pergunta básica se faz necessário: Deus é surdo? (E isto vale também para os cristãos evangélicos que berram ao invés de orar). Com o carisma que lhe é peculiar, Bento XVI vai tentar, aos poucos, mudar este cenário, sabendo usar as palavras certas, na hora apropriada, para não melindrar ninguém. E todos, católicos verdadeiros, falsos, simpatizantes ou não, darão o devido valor as palavras de quem tem o que dizer. Afinal de contas, estamos vivenciando um tempo ecumênico, num país onde vários credos e crenças andam de mãos dadas num autêntico namorico que começou bem lá atrás com o papa Joâo Paulo II.
Assim como seus antecessores, Bento XVI não é um líder comum, de decisões e atitudes previsíveis. Já teve, claro!, seus momentos difíceis, melindrosos no comando da Santa Sé, sempre se saindo bem, diplomáticamente. Conhecedor profundo da fé dos problemas sociais que atingem a sociedade moderna, ele poderia ser um papa coluna do meio, moderador. Mas, sendo alemão, não poderia ser diferente.
Oxalá – e não estou me referindo ao sincretismo religioso, vejam bem! – que nosso papa, conservador ou não, continue à frente da igreja milenar por muito tempo ainda. O povo de Deus agradece.
Au revoir para todos que me criticam ou aplaudem e, se Deus quizer, na próxima quinta-feira aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C’est La vie!
                                                                                                                                       SANFERR,7.10.2010
CONTATOS:
fone:    (71) 8154.5380

5 comentários:

  1. Excelente artigo jornalistico. Quem é este cara? Deveria estar escrevendo nos melhores jornais e revistas do país. É booooom demais!!!!!!

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  2. Sanferrpress foi a melhor coisa que aconteceu nos últimos tempos no jornalismo blogueiro. Pô, gente! Esses artigos do sanferrpress são dignos dos melhores jornais do mundo. Quanta gente que tá por aí escrevendo merda e esse cara tá no blog? É covardia. Excelente! Magistral! A altura dos editoriais das melhores revistas e jornais do país.

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  3. Sanferr eu conheço há muitos anos,desde sempre, e no mês passado qdo recebi um postal de uma viagem grande queelefez e ele me disse que ao voltar iria lançar seu blog eu logo vi que seria sucesso. Sanferr merece todo esse sucesso e agora que tá mostrando do que é capaz, só Deus sabe onde ele vai parar... na certa num grande jornal, porque é o que ele merece. Bom amigo, generoso, é uma pessoa que sabe o que quer e quem não gostar dele deve ser por inveja. Sucesso com sua coluna, Sanferr.

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  4. SANFERRPRESS é uma grata surpresa no universo blogueiro. A INTERNET agora não deve nada aos melhores jornais e revistas.

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  5. SANFERRPRESS é tudo de bom. Artigos de primeira. O rei dos blogs.

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