quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DO BLOG AO LIVRO, A SAGRAÇÃO DO MITO.




                                               GÉRALD THOMAS,
                  O MESMISMO E A MEDIOCRIDADE DESTRUÍDOS COM O
                       TEATRO E AS PALAVRAS DO GÊNIO DA CRIAÇÃO.


     A China pode não ser politicamente correta em diversos aspectos, mas, de vez em quando surpreende o mundo com decisões polêmicas que nos fáz refletir sobre o que é certo ou errado. Principalmente por sermos uma nação tão democrática (graças à Deus, em todos os sentidos) e permissiva (culturalmente falando, especialmente aqui no norte/nordeste). Pois, aqui qualquer um se diz artista, nem que saiba presepando, "batendo lata" no fundo do quintal, dançando tribalmente nas esquinas ou urrando como um "louco (pseudo) intelectualizado" (?) dando a esta encenação pública (triste e deplorável) de total falta de bom gosto, senso crítico e, o que é pior - de talento - o nome de arte. Com sorte e o apoio de produtores que trabalham (e ganham rios de dinheiro fácil) com o primitivismo artístico (?), esses "artistas" primatas, da idade da pedra, acreditam piamente que estão contribuindo para o engrandecimento da nossa cultura, sem saber eles que estão fazendo o ridículo papel de bobos-da-corte para o deleite dos gringos, os quais gastam fortunas por algumas horas de prazer e diversão. Ainda bem (para eles) e péssimo (para nós), esses tais arrocheiros e pagodeiros (de uma nota só, dos teclados, e não os genuínamente sambistas, do morro e de tradição na mais pura expressão musical brasileira) nasceram aqui e podem exibir todo seu "talento, criatividade e competência" nos picadeiros (ops, perdão, palcos) da vida. Por muito menos a China, através do Ministério da Cultura, proibiu músicas dos - para mim e muita gente por aí - bem servidos de criatividade, Lady Gaga, Backstreet Boys, Beyoncée, dentre tantos outros, nos sites musicais. Diz o texto do decreto chinês que tal atitude foi tomada para "pôr ordem no mercado musical e eliminar canções que prejudiquem a segurança da cultura do Estado". Refletindo sobre o teor desta emblemática lei, uma pergunta se fáz necessária e não quer calar: e aqui no Brasil, mais precisamente aqui na Bahia, onde muitos sem desconfiômetro (e vergonha na cara) não se dão ao respeito - e, consequentemente, não respeitam o público - expôndo sua ignorância artística-musical (e escolar!) em três constrangedoras situações: compondo, cantando e falando (nas entrevistas) quando chegam, então, ao ápice dando provas concretas de sua incapacidade expressiva. (Os primatas, em seu habitat natural, são mais "entendidos" que eles). Quem vai, enfim, assegurar a ordem musical e eliminar músicas (?) que prejudicam a cultura tupiniquim, agridem nossa audição com ritmos (?) sem ritmo e letras (?) que dizem tudo (de ruim!) para a maledicência, o duplo sentido e a imoralidade?
     Talvez, sim, e talvez não, mas - nunca se pode saber o que se passa na cabeça de um povo como os chineses - acredito que se Geraldo Thomas Sievers, ou melhor dizendo, Gérald Thomas tivesse nascido e criado tantas obras-primas do teatro lá, seria o orgulho nacional da terra dos "olhos puxados". Já por aqui, o idealizador, criador e diretor de espetáculos memoráveis como Eletra com Creta, A Trilogia Kafka, Carmem com Filtro, Mattogrosso, The Flash and Crash Days, A Trilogia da B.E.S.T.A, M.O.R.T.E. e tantas outras genialidades é considerado maluco, ridicularizado, criticado por um povo (felizmente, nem todos) que não tem competência para julgar (conscientemente) o que é cultura.  E por que? Simplesmente por não ter sido acostumado desde cedo à boa arte, tanto nas escolas públicas como, principalmente, nas famílias, as quais não se dão ao trabalho de visitar museus, ouvir boa música e ler livros de qualidade; ao contrário, ficam ridicularmente remexendo os quadris ao som de músicas (?) de nonagésima categoria. (Se é que tem alguma!). O resultado? A falta de discernimento para julgar o que é bom ou ruim, o emburrecimento social e cultural, a falta de capacidade para separar o trágico (a própria imbecilidade) do tragicômico (a ausência de neurônios nas mentes primitivas). (Se é que me entendem!). Isto, infelizmente, aqui no nordeste - terra de tantos renomados, competentes - terra do "óia" (olhe), "vamo" (vamos) e do "trabaiá" (trabalhar). Não podoeria ser, óbviamente, diferente, pois muitos desqualificados intelecto-culturalmente conseguem "pular a cerca" da universidade, ingressando pela "janela da sorte", recebem o diploma (sem merecimento) e - futuramente - colocam nossa integridade física em perigo, dependendo da profissão escolhida pelo "felizardo" aprovado no famigerado vestibular-loteria, dos X. Já na Europa - templo das artes, berço da cultura, recheada de histórias milenares contadas nos seus museus - Gérald Thomas trabalhou com o alemão Heiner Muller e o compositor americano Phillip Glars, sendo aplaudido e reverenciado por quem sabe o que é a verdadeira arte. Suas peças foram apresentadas no Lincoln Center (Nova Iorque, EUA), em Munique e Viena. Sem falar nos quinze países em que se apresentou e suas produções foram transmitidas em redes nacionais de TV. Também fez parceria com Julian Beck e o Living Théatre (Paris). Em 2010 (Londres) fundou a Cia. London Dau Ópera. "Throats", escrito e dirigido por ele, teve temporada no Teatro Pleasance, em Islington, de 18 de fevereiro a 27 de março de 2011.
     Gérald Thomas não é um mero servidor das artes. Ele fáz a (boa) arte. Não é apenas mais um homem, um qualquer sem idéias e projetos que vive no "maria vai com as outras", "deixa a vida me levar", que veio ao mundo para ver os demais criar e simplesmente aplaudir, render homenagens. Ele é um HOMEM criativo, de ação (e inovação) que vei para ser visto, comentado, aplaudido - querendo ou não os invejosos de plantão - e homenageado, justamente por não acreditar, dar credibilidade a máquina (de uma maioria emburrecida) que fabrica os idiotas, tolos, sem capacidade criativa. Por mais boicotado, execrado e, ao mesmo tempo, temido como o inventor ousado que é, Gérald sempre será lembrado pela posteridade, foi e é superior aos seus detratores, tão mmedíocres como homens e insignificantes como personalidades. Tanto que, sob à sua direção, somente as grandes "marcas" do teatro brasileiro tem vez. Artistas do nível de Fernanda Montenegro, Antonio Fagundes, Sérgio Britto, Tônia Carrero, Marco Nanini, Rubens Correa, Ítalo Rossi, além de mais uma meia dúzia de previlegiados. Premiadíssimo ele sempre foi, enfeitando sua escrivaninha com os (nacionais) Mambembe e Moliére. Em 2003, no espetáculo Tristão e Isolda, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, lamentávelmente foi vaiado e como resposta - não seria Gérald Thomas se não o fizesse - mostrou as nádegas e simulou um ato masturbatório. Acusado de ato obsceno, sábiamente foi absolvido pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Recentemente, agora em julho, estreou em São Paulo o espetáculo "Gargólios", sendo alvo como sempre de críticas favoráveis e depreciativas.
     Culto (fala vários idiomas), sábio (sabe o que diz e onde tem o nariz, sem querer agradar, ser simpático a "gregos e troianos") e visionário (consegue enxergar onde nós, pobres mortais, não vemos). Este é o perfil polêmico de um mestre, um homem e artista nada convencional, quilômetros-luz além do nosso tempo e (pouca) inteligência. Um criador que não enxerga únicamente através da lente (mercenária) das bilheterias, mas sim com os óculos da (genial) cultura futurista. Porisso não é popular e vulgar, "arroz doce na mídia", artista "bundante"; ao contrário, seu talento extremamente abundante ultrapassa as fronteiras da compreensão de um povo (nem todos) que só entende de praia, suor, carnaval, futebol e cerveja. (Quando entendem!). Mas, cada um tem o pedestal que lhe é apropriado. A inveja é sua pior inimiga. Agora, então, com a publicação do livro - devorei as mais de 200 páginas em "dois tempos" - Nada Prova Nada (ed. Record), coletânea de artigos publicados no seu produtivo blog, muitos defensores do mesmismo, da banalização da mediocridade e exaltação aos "talentos oportunistas, fabricados e não natos", irão se incomodar, sentirem-se ofendidos com a sua postura ímpar, singular, com relação à vida e as artes. Já dizia (outro mestre0 Nélson Rodrigues: " o sucesso de um concorrente dpoi fisicamente como uma canivetada". Mas, fazer o que? A inveja é esposa, companheira, amante e amiga dos asnos. Como tudo que leva a marca Gérald Thomas, os artigos são excelentes, à altura dos melhores autores nacionais e internacionais. O título do livro foi extraído de uma fala do personagem de Marco Nanini na peça "Um Circo de Rins e Fígado", um espetáculo que deve ter mexido com os (poucos) neurônios de quem os tem (se é que tem) nos quadris rebolativos e a língua solta (e burra) nas entrevistas de TV e rádio, fazendo Ruy Barbosa se horrorizar no sábio silêncio sepulcral.
     Mestre dos palcos e agora das letras, Gérald Thomas (toma lá, invejosos!) prova que escrever não é mesmo para qualquer um e não tem diploma que dê esse dom. E muitos aproveitam-se deste déficit, desta falta de sorte (?) para se acomodar, sentando-se confortávelmente na poltrona macia da ignorância, culpando uns ("é o governo") e outros ("não tive oportunidade de aprender")... (?)... Ler - e ler muito - é sempre a melhor maneira para quem deseja se aprimorar, "ter o nariz em algum lugar", "colocar o preto no branco". Todos (podem) ter títulos e poses; mas capacidade, competência, se prova não com X, mas respostas diretas, escritas no branco da sapiência.
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!
    
                                                                                                                                                                              SANFERR, 29.09.2011

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     "Há um tempo para partir, mesmo quando não há um lugar certo para ir".
                                   TENNESSE WILLIAMS (1911-1983), dramaturgo americano.

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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A PEDRA FUNDAMENTAL DO TEATRO BRASILEIRO








                                    FERNANDA MONTENEGRO,
                UM TALENTO NATO E NÃO FABRICADO, FORMADA NA
                             FACULDADE DA VIDA E DOS SÁBIOS.


     A arte de representar (e tem pessoas  que fáz isso muito bem, mesmo não sendo artista), seja no palco ou diante das câmeras, sempre teve mitos em todos os tempos e partes do mundo, formando uma exclusiva constelação de astros e estrelas - talentos natos ou fabricados por boas estratégias de markenting - verdadeiros clássicos (marcas) como, dentre inúmeros outros, Charles Chaplin, Sophia Loren, Leslie Nielsen, Emma Thompson, Huprey Bogart, Ursula Andrews, Lauren Bacall, Anthony Hopkins, Grace Kelly, Lillian Gish, Jean-Claude Vam Damme, Johnny Weismuller, Susan Sarandon, Glenn Close, Samuel L. Jackson, Fred Astaire, Marilyn Monroe, Marcelo Mastroianni, Alain Delon, Sylvia Krystel, Brigite Bardot, sir Laurence Olivier, Anita Ekberg, Olivia de Havilland, Omar Shariff, Florinda Bolkan, Sônia Braga e Carmem Miranda (brasileiras, mas conhecidas mundialmente), Cristopher Reeves, Raquel Welch, Audrey Hepburn, Julia Roberts, Maximilian Schell, Vivien Leigh, Greta Garbo (a mais distante, difícil e inacessível de todas), Elisabeth Taylor, Tom Hanks, Raul Julia, Richard Burton. Aqui no Brasil, dentre dezenas de "marcas" (nomes) do primeiríssimo time, uma - especialíssima - poderia estar relacionada no elenco internacional acima, pois veio para ficar eternamente na memória dos fãs e brilhar, iluminando todos que tem o previlégio de dividir a cena com ela. Autodidata, mas doutor, PHD no ofício que escolheu - e muito bem - para fazer na vida. O que tem de mestres da interpretação que dariam - assim como Van Gogh (pintor) o fez - uma orelha para subir no palco com ela... Seu nome é Fernanda Montenegro, considerada por colegas, críticos e o público (de ontem e hoje) a primeira dama do nosso teatro. Fernanda, artísticamente, é claro, pode se considerar "esposa" de vários maridos, já que todos os astros a desejam como sua estrela. Mas marido, companheiro na vida real - e muitas vezes também em cena - ela só teve um: Fernando Torres, o qual já não se encontra mais entre nós. Talvez este - mulher, amante de um só homem - tenha sido um de seus melhores papéis, pois os dois permaneceram unidos durante décadas, sendo, como Glória Menezes/Tarcísio Meira, Rosamaria Murtinho/Mauro Mendonça e Nicete Bruno/Paulo Goulart, um dos raros casais que não se deixou "contaminar" pelos beijos (técnicos?) de outros parceiros de trabalho. (Se é que me entendem!).
     Mesmo ele tendo brilho e merecimento próprio, o O de Fernando Torres não foi tão poderoso como o A de Fernanda, desde que os dois se conheceram nos bastidores de algum teatro e prometeram dividir não somente o palco, mas a mesma casa com fidelidade, respeito e, principalmente, amor. Nunca se ouviu dizer um "talvez", "será", sobre o relacionamento desta rainha da representação com o seu, digamos, princípe consorte. Dentro e fora dos teatros, na frente ou bem distante das câmeras, longe dos holofotes - é notória a discrição do casal - a estrela Montenegro e o astro Torres foram pessoas dignas, exemplares, acima de qualquer suspeita e comentários maledicentes. Elegante e charmosa como ser humano - em todos os sentidos - Fernanda pôde imprimir essa marca em personagens memoráveis como a recente Bete Gouveia (Passione, TV Globo), ou até mesmo quando representa pessoas de uma classe menos favorecida socialmente como a vulgar, escandalosa e trambiqueira Naná (Cambalacho, na mesma emissora).
     Escrever sobre Arlette Pinheiro Esteves Torres, nascida em 16.10.1929, não é tarefa das mais fáceis. Agora, mais difícil ainda é retratar em poucos (no caso desta coluna, não tanto assim) caracteres a trajetória artística de "la" Montenegro - a Fernandona, mãe de Fernandinha, também atriz (Entre Tapas e Beijos, TV Globo) - uma atriz que (como a maioria) não interpreta, mas (como poucas, somente as boas atrizes o fazem) encarna, toma para si, vive as dores e alegrias do papel. Por mais que queira, Fernanda não consegue desvencilar-se do personagem, não o esquece, não o deixa para trás quando sai dos estúdios ou do teatro. Somente as grandes atrizes tem consciência pessoal e artística que o personagem é a sua segunda pele. Como se fosse sua sombra, já que o ator carrega-o nas costas e o papel lhe acompanha em todos os lugares. Mmesmo sendo um ator experimentado, com anos de carreira, a sua vida pessoal torna-se secundária, um verdadeiro laboratório, buscando para o personagem olhares, entonações, modo de andar e gesticular, subsídios que muitas vezes são encontrados entre familiares, vizinhos, amigos e nas ruas. Por mais que o ator diga diante do espelho no camarim "agora dá um tempo, desencarna, que eu preciso voltar a ser eu mesmo", o personagem já ganhou vida própria. Certamente Fernanda deve ter tido dificuldades em dizer isso para Charlô (Guerra dos Sexos), Olga Portela (O Dono do Mundo), Zazá, Jacutinga (Renascer), Bia Falcão (Belíssima), além de tantas outras novelas, seriados, Especiais e minisséries como Redenção, A Muralha, Medéia, Cara a Cara, Brilhante, Baila Comigo, Riacho Doce, Terra Nostra, As Filhas da Mãe, etc. Para o público - por mais que o ator diga o contrário - àquele personagem é "a cara, corpo e alma (?)" de seu intérprete e, de alguma forma, isso interfere no dia-a-dia do artista. Quando o personagem "baixa" em seu corpo é difícil - como dizem jocosamente aqui na Bahia - "subir para cantar"; neste caso, "desinterpretar". Pois, dona Fernanda, até os monstros sagrados são infectados pelo vírus do teatro. "Dize com quem andas e eu te direi quem tu és!".
     Sofisticadas, humildes, boas ou más, belíssimas ou despojadas, as mulheres de Fernanda fizeram história no palco, na TV e na telona. Não é para menos. (Se houvesse, ela merecia receber o título de doutora honoris causa da interpretação e, como tantos por aí que já foram agraciados nas mais diversas áreas pelas Universidades, sendo autodidata, sem o diploma debaixo do braço, como a UFBa fez anteontem com o ex-presidente Lula). Com um talento ímpar, nato, ela sabe como ninguém transformar uma simples cena num verdadeiro clássico. Quem não se lembra dela e Paulo Autran em Guerra dos Sexos, lambuzando-se na mesa do breakfast? Ou, então, na cena do cemitério (Rainha da Sucata) onde o personagem dela rasgava-se todo, ficando apenas de combinação, diante do túmulo do amante e na frente da rival? No palco - onde tudo começou em 1950 na peça "Alegres Canções nas Montanhas", ao lado de Fernando Torres - esta artista, verdadeiro alicerce do teatro nacional, nos deu grandes momentos em produções que marcaram época como Fedra, Seria Cômico se Não Fosse Trágico, É, As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, The Flash anda Cash Days, Dias Felizes... No cinema, o talento de Fernanda foi um capítulo à parte, quando - com o filme Central do Brasil (1998) - tornou-se, até hoje, a única atriz brasileira indicada ao Oscar, além das críticas favoráveis no Los Angeles Film Critics Award.
     Fernanda Montenegro. Mais de 50 anos de serviços prestados à cultura brasileira. Uma mulher simples, do povo, que passo-a-passo, trabalho após trabalho, foi mostrando seu talento, valor e capacidade construindo a carreira sólida que tem hoje. Quem é bom fáz, mostra e prova "nos nove" do que é capaz. Não seria surpreza se uma famosa frase do teatro - dita antes da estréia de qualquer espetáculo - fosse mudada para "muitas F... para você". A história do teatro brasileiro não poderá ser escrita e contada sem o nome de "la" Montenegro encabeçando um elenco estelar com "marcas" como Rute de Souza, Tônia Carrero, Raul Cortez, Marcos Caruso, Joana Foom, Regina Duarte, Marília Pêra, Glória Menezes, Laura Cardoso, Beatriz Segall, Vera Fischer, Claúdio Marzo, Yumara Rodrigues, Nilda Spencer, Natália Thimberg, Othon Bastos, Renata Sorrah, Tarcísio Meira e por aí vai. Parodiando João Ubaldo Ribeiro, eu digo "viva o teatro brasileiro".
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!

                                                                                                                                                                   SANFERR, 22.09.2011

a ESFINGE:
     "Se não puder levantar, não empurre seu próximo no precipício. Nas voltas que a vida dá, você cairá nesse mesmo buraco mais cedo ou mais tarde".
                                                                                                                                                                     SANFERR. 20.01.1985

de SANFERRPRESS para todos os leitores e colaboradores (patrocínios, doações):

     Mais uma vez o ex-presidente Lula foi homenageado por uma universidade com o título de doutor honoris causa. Ele, além de d. Raimunda Gomes da Silva, quebradeira de côcos - que recebeu o título da Universidade do Tocantins em 2009 - é a prova que temos (muitos) autodidatas qualificados - infelizmente  ao contrário de muitos diplomados, por conta do despreparo intelecto-cultural de nossos estudantes e da ganância das faculdades em querer ganhar mais, enchendo as salas, esquecendo-se da competência e capacitação - e (raríssimos) que sabem "onde tem o nariz", capacidade para "colocar o preto no branco". Por essas e outras, a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) em 17.06.2009, sobre a não obrigatoriedade do diploma para Jornalismo, foi bbastante apropriada.
     Agradeço, sensibilizado, as SMS, e-mails e telefonemas que recebi - e continuo recebendo - de todo o Brasil e do exterior, do mais simples leitor (e amigo), até orgãos da imprensa, do governo, embaixadas e prsonalidades renomadas dos mais variados segmentos da sociedade. Muito obrigado!

                                                                                                                                                                              SANFERR, 22.09.2011

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                                                        P    A     T     R     O     C     Í     N     I     O

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A BAHIA ESTÁ EM FESTA E SANTO AMARO AGRADECE POR TER CANÔ.


Foto by: 
MARCO A. MARTINS

                                                     DONA CANÔ,
                         A "MÃEZONA", O BRAÇO FORTE DE TODO UM POVO.


     Excepcionalmente, esta semana o artigo é ilustrado pela fotografia de duas divas: a da canção (Maria Betânia) e a do bem viver, da denerosidade, sabedoria e simplicidade (dona Canô), filha e mãe, na intimidade de um lar onde se respira - da porta de entrada ao quintal - a mais expressiva arte baiana no casarão da família Telles Velloso, em Santo Amaro da Purificação, no recôncavo baiano. Esta família tão especial, de fé - unida não somente pela religiosidade católica e também o culto aos "deuses" do candomblé, praticado por alguns de seus integrantes, entre eles a própria Betânia, a qual até hoje mantêm um respeito fervoroso à memória de Menininha do Gantois, segundo ela "sua orinetadora espiritual" desde o início da prodigiosa carreira - é referencial, exemplo para todos os santamarenses (dos famosos, que não são poucos, aos anônimos, gente simples do povo que tem verdadeira paixão por dona Canô) de amor à cidade e suas tradições artísticas, culturais e religiosas. Não é à toa que o solar onde moram na avenida Vianna Bandeira - onde todos são bem recebidos e acarinhados pelas "estrelas" da casa - comprado por seu Zeca (patriarca do clã, já falecido) com o dinheiro ganho na loteria quando Caetano nasceu, tornou-se o símbolo maior da cidade, o marco-zero para quem chega pela primeira vez e não sabe para onde ir, o que descobrir - como se isto fosse possível estando-se prazerosamente num dia atípicamente ensolarado do inverno na terra de tão proeminentes artistas - entre ruas e casarões, verdadeiros monumentos centenários de beleza artística e valor histórico da época de viscondes, barões e usineiros. Fora o solar dos Velloso - sem exagero algum um templo da música baiana contemporânea - a história secular desta simpática cidade é contada em cada esquina, por cada pedra colocada em sua construção em todas as épocas. Aliás, diga-se de passagem, uma (boa) época que ficou gravada na memória de d. Canô e que lhe tráz nostalgia - não mórbida, mas serena, suportável - do cinema, das pessoas elegantes (dona Iaiá, viscondessa Ferreira Bandeira, era uma delas) daquele passado, não tão remoto assim, que para ela não morrerá jamais. Ir hoje em dia a Santo Amaro - purificar-nos na margem do famoso (e sofrido, maltratado) rio Subaé das mazelas do dia-a-dia, de tantas situações incômodas e constrangedoras que a atual pseudo-musicalidade baiana nos impõe - e não procurarmos beber na fonte (de cultura límpida) que o samba-de-roda do recôncavo nos convida a aprender (olhe aí, pagodeiros "analfabetos" no samba, "artistas" de uma nota só, peguem a estrada e vão lá banhar-se nessas águas), não conhecermos (e também ouvirmos as estórias) a figura mais ilustre e folclóricamente encantadora da cidade, essa "jovem senhora" que não gosta de tomar mingau pois "é coisa de velho", é como ir a Roma e não ver o Santo Padre.
     A filha de Anísio César de Oliveira Vianna e d. Júlia Muniz de Araújo, nasceu em 16 de setembro de 1907, na praça da Purificação, tendo como irmãos Almir e Joana, mais conhecida como "Geni". De origem humilde - porisso d. Canô entende até hoje (do alto dos seus bem vividos 104 anos) as necessidades mais urgentes de "seu povo", como ela chama carinhosamente os conterrâneos - o casal educou os filhos para enfrentar as dificuldades do teatro (?) da vida com dignidade e cabeça erguida, com honradez e sabedoria. Tanta sabedoria que hoje - sob àquele telhado e entre paredes que presenciaram a ascensão de seus filhos na música e literatura - todos se encontram no mesmo palco (quer dizer, casa) para saber uns dos outros, fstejar e chorar suas conquistas e perdas, como numa grande (equilibrada e bem estruturada) família. Aliás, equilíbrio - tanto emocional como social - deve ser o lema da família, nunca envolvida em escândalos. De sangue ou não, os "filhos de d. Canô" são sempre muitissimo bem recebidos por esta "mãezona", tomando-lhe a benção de uma maneira carinhosa, afagando-lhe a cabeça alva (sem, óbviamente, desfazer o cóque) como o filho pródigo que à casa materna retorna depois da peleja da vida. Sem  a habitual vitalidade de antes, d. Canô não pode mais se dar o prazer de ir à feira no mercado municipal escolher pessoalmente a carne-do-sol que Betânia tanto gosta; mas, com uma lucidez impressionante, típica daqueles que atravessaram - sem nenhuma arrogância, orgulho - cem primaveras com estilo no jeio de ser, conteúdo na cabeça e muito amor no coração, d. Canô é a mesma matriarca atenta, observadora ao que se passa ao seu redor, orientando todos que estão dentro de casa. Mesmo tendo a ajuda, o apoio logístico, digamos assim, do seu escudeiro, seu "ajudante de ordens", seu secretário mais do que especial, o filho Rodrigo, amigo e companheiro de todas as horas.
     Assim como d. Lúcia,. mãe do cineasta Glauber Rocha, a matriarca-mór de Santo Amaro é uma das poucas da Bahia que foi, é e será sempre lembrada por seus feitos e méritos. No caso dela - apesar de ter feito teatro dos 7 aos 17 anos - não por ser artista, muito menos por ser a mãe de Mabel, Caetano e Betânia; mas por ter levado à sua querida terra os benefícios de um excelente relacionamento com autoridades, políticos de todas as épocas e dos mais variados partidos, os quais souberam reconhecer seu amor pela cidade e atenderam várias de suas reivindicações. Nunca para si, nem para a família, mas sempre para o povo. Até mesmo quando estava às vésperas de comemorar quarenta anos de casamento com seu Zeca, d. Canô sofreu calada a dor de (talvez) não ter a presença do filho Caetano, exilado em Londres. Betânia, ousadamente, pegou o avião e foi bater na porta do gabinete do (então) presidente Médici intercedendo por seu irmão, angustiada com o sofrimento silencioso da mãe. Um dos políticos mais querido e admirado por d. Canô - e amigo de todas as horas - foi Antonio Carlos Magalhães. Com esse ela sabia que podia contar, até mesmo para a restauração da matriz de Nossa Senhora, de quem é grande devota.
     Claudionor Vianna Telles Velloso não é - como alguns desinformados costumam afirmar - a dona (?) de Santo Amaro, mas é, certamente, a dona do coração dos santamarenses. Uma mulher que soube amar (e ser igualmente amada) seu povo de tal forma que jamais será esquecida. Amanhã não é somente a ela que devemos dar os Parabéns, mas sim à Bahia e, em especial, a todo o recôncavo por ter tido a honra de possuir entre seus filhos uma pessoa como d. Canô . Passam-se os anos, passarão os séculos e (quiçá) os milênios, mas a história recente de Santo Amaro não poderá ser contada sem ser citado o nome dessa guerreira, capaz de brigar com qualquer um que se atreva a dizer "um tiquim assim" da terra ond nasceu e vive. A terra que ganhou fama nacional por ser berço de Betânia, Caetano, Mabel e, especialmente, d. Canô. Pessoas que vieram ao mundo com um brilho todo especial, para sobressair - mesmo modestos e humildes como são - à frente de um povo (os santamarenses) que aprendeu desde cedo a reconhecer o talento artístico, literário e cultural desta família que não é nem um pouco comum, igual as demais.
     A mãe zelosa, amigona, de Clara Maria, Rodrigo, Roberto, Caetano, Mabel e Betânia - nascidos de seu ventre - não mais amados e queridos que Nicinha e Irene, suas filhas adotivas, podem se dar ao luxo de dizerem: "Hoje estamos no que somos, por que somos filhos de Canô"... (?) ...
     "Dona", não, porque VOCÊ, Canô, é uma "jovem senhora" recém-saída da adolescência, no auge da maturidade intelectual e espiritual que poucos conseguem atingir. Sua existência singular, ímpar, é a prova maior do que é viver para amar e servir o próximo, sem distinção, com um coração tão generoso e grande que ultrapassa as fronteiras de Santo Amaro, da Bahia.
     Au-revoir para todos que me criticam e aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!

                                                                                                                                                                    SANFERR, 15.09.2011

a ESFINGE:
     "Qual o mais importante dom a transmitir aos filhos? Curiosidade!"

                                                       LILLIAN GISH (1896-1993), atriz americana.

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                          COMENDO BIFE E ARROTANDO MEDALHÃO.
                                        COM SABOR DE BRONZE.

     É desejável que os dois maiores times da nossa terra (Bahia) façam parte - eternamente - da série A. Independentemente de torcer para esse ou àquele, espero que isto aconteça, pois, antes de mais nada, somos baianos e não devemos desejar que o clube adversário seja massacrado, passe por situação vexatória na série B, subindo e descendo como numa balança de peixe podre. Agora, caros torcedores (e jogadores também, em especial o "pititinga" com pose de "tubarão da Etiópia") rubro-negros: comemorar com estardalhaço o jogo - pois àqueles gols até eu faria, de olhos vendados - da última terça-feira (dia 13) é, no mínimo, ridículo, vergonhoso e altamente constrangedor. O mesmo que colocar uma pessoa culta, um literato, ao lado de um despreparado, para criar um texto, escrever uma redação. Básica, sem maiores "enfeites" literários.
     Diante da péssima (quem está por baixo pode subir, diz a roda-gigante da vida) fase que o Duque de Caxias está atravessando, o Sport Clube Vitória (Ba) deu a prova definitiva que está com a auto-estima destroçada, agarrando-se a qualquer "vitorinha" para "cantar de galo", mediocramente comemorando uma pseudo-vantagem à frente de (infelizmente) uma equipe atualmente fraca, que vem perdendo vários jogos sucessivamente.
     O Vitória - quer queiram, quer não - jogou ovos podres (a bola) numa frigideira fria (a trave do adversário). Cadê a elegância, a superioridade do verdadeiro vitorioso? Se tivesse, seriam menos - ou nada - espalhafatosos, "performáticos"... (?) ... Por tão pouco. Simplesmente olhariam de cima, com àquele olhar "e daí?", "não tô nem aí!" e não dançariam ao som de uma música que não foi tocada.

                                                                                                                                                                          SANFERR, 15.09.2011.
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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

PARA QUEM SABE O QUE É ( BOA ) MÚSICA.



   
                                                      GILBERTO GIL,
                                 "ARTISTAS" (?) NA IGREJA DO BONFIM:
     MESTRE, POR FAVOR! TENDE PIEDADE E ENSINA-NOS A COMPÔR, TOCAR
                              E CANTAR COM TALENTO, SEM PRESEPAR!


     Será verdade que - como dizem por aí - "na Bahia não se nasce, estreia-se"? Se essa máxima - com tendência a mínima, musicalmente falando, abaixo da classificação (ou não seria desclassificação?) - for verdade, deveremos levar em consideração que temos boas e péssimas, desagradáveis e deploráveis estréias. A depender, óbviamente, do gosto - ou a total falta dele - de cada um, da referida produção (não seria podridão) apresentada ao público, além de vários outros fatores, os quais, geralmente - artístico, cultural e socialmente falando - fogem do controle total da CBBM (Central Baiana da Boa Música). Músicas (?) - vamos tentar ser generosos e classificar essas "pérolas" (sic!) assim - que, por mais benevolentes que sejamos, soam mal aos ouvidos de qualquer um que tenha o senso artístico (e crítico) mais apurado. Essas tais "perolas musicais", saídas diretamente de outra Central - a Central Baiana da Baixaria Musical - levam nossa refinada audição à desprezível (e degradante) prostituição artística. Além de tudo de ruim que, infelizmente, ouvimos tocar dia e noite nas paradas de sucesso (?) ladeiras abaixo da boa terra abaixo - e não acima, até os "píncaros da glória", como seria natural numa canção - à caminho do bloco Presepadas, ridicularmente uniformizado com a jocosa (carésima no valor e paupérrima no tecido) fantasia (?) intitulada abadá, o qual, comercialmente falando, deveria ser "vamos tirar" : tirar - em favor das contas bancárias cada vez mais polpudas dos empresários do axé, pagode e arrocha (argh!) - nosso mísero dinheirinho em nome da pseudo diversão momemsca que, ao contrário do povão da "pipoca", está cada vez mais nababesca, para poucos previlegiados.
     Já que a CBBM (apenas a primeira, por que a outra já está caduca de velha) ainda não existe, deveria ser - em nome da secular e prodigiosa cultura baiana, a qual nas últimas décadas anda à beira da ridicularização artística por conta de uns e outros que se acham (sem nunca terem sido), se dizem compositores e cantores - imediatamente fundada por artistas (de verdade) renomados que - ontem, hoje e sempre - honram e dignificam a (maravilhosa) terra abençoada pelo Senhor, aqui denominado Bonfim (e começo também), mesmo Êle tendo de fazer-se cego, mudo e, principalmente, surdo diante das m... e porcarias (perdoem-me a expressão chula) que estão no ponto de sofrerem os benefícios de uma boa "descarga" (do banheiro) e que são chamadas criações... (?) ... (Se é que mediocridades assim podem ser chamadas criações"). Artistas do nível de Maria Betânia (elegantérrima, cantando e encantando, simpatícissima), Gal Costa, Batatinha, Gerônimo, Mariene de Castro (pagodeiros, aprendam o que é samba com essa professora), Raimundo Sodré, João Gilberto, Caetano Velloso, Tom Zé, Myriam Tereza, Simone, Nélson Rufino (rei do samba baiano), Virgínia Rodrigues, Margarete Menezes, Marinês (ex-Banda Reflexus, por onde anda essa voz magistral, inconfundível?), Daniela Mercury, Claúdia Leite, Ivete Sangalo, além do mestre da composição e do (contagiante) ritmo genuínamente abaianado, o simpático e unânime Gilberto Gil.
     Numa época em que todos, qualquer um mesmo (pobre de nós, ouvintes, que somos obrigados a aturar tais atrocidades, verdadeiros homicídios musicais) se acha no direito - e com talento (?) -  de compôr e cantar, mesmo de uma maneira grotesca, duvidosa, insultando com sua falta de criatividade os (reais) herdeiros da MPB (neste caso, MÚSICA POPULAR BAIANA), Gil pode, sem exagero, ser considerado um ícone, uma lenda vida, exemplo para àqueles que não cruzaram os portões da escolinha "DÓ-RÉ-MI-FÁ-SOL-LÁ-SÍ" (muitos deles, pelo que se percebe ao serem entrevistados - aliás, vocês já viram situação mais desconcertante, constrangedora, do que esses "artistas" pagodeiros, arrocheiros e axezeiros falando nas rádios e TVs? - nunca souberam o caminho de escola nenhuma, nem aquela que deveriam ter se formado, a do desconfiômetro), ostentando orgulhosamente seus talentos bundantes em letras de duplo sentido e refrões que são um verdadeiro atentado à moral e aos bons costumes, um autêntico caso de danos morais a arte de Bach, Vivaldi, Noel Rosa, Beethoven, Ella Fitzgerald, Cartola, Pixinguinha, Edith Piaf, Frank Sinatra, Tom Jobim, Vinícius de Morais, Paulo Toller, Roberto Carlos, Nélson Gonçalves, Altemar Dutra, Cauby Peixoto, Angela Maria, Agnaldo Rayol, Agnaldo Timóteo, Martinho da Vila, Sandra de Sá, etc. Desde a década de 80 vivenciamos aqui na Bahia a derrocada, o velório - prestes a saída do enterro - da (boa) música baiana, o mesmismo, a dança tribal de uma nota só (geralmente "composta" nos teclados) neste "alegre" repertório batizado como axé, pagode - mesmo não tendo nada a ver com o autêntico - sem falar no mais DDD (deprimente, desestruturado e destrutivo, musicalmente falando) de todos, o nefasto, emburrecedor, "àquele que foi sem jamais ter sido": o arrocha.
     Felizmente, para equilibrar a balança musical da terra do poeta Castro Alves - este não cantou, mas recitou, encantando e rimando com maestria - temos talentos (e muitos, para nos orgulhar) abundantes, como o compositor de Refazenda, Andar com Fé, Aquele Abraço, Eu Vim da Bahia, Expresso 2222, Procissão, Se Eu Quizer Falar com Deus, Soy Louco por Ti América, Toda Menina Baiana, Vamos Fugir e tantas outras obras-primas da MPB. O nome desse "deus" da música baiana é Gilberto Gil Passos Moreira, filho de dona Claudina e do médico Gil Moreira. Este certamente deve ter nascido cantarolando "fui no Tororó beber água e não achei"... Pode ser que a fonte estivesse seca de água, mas cheia de talento para saciar a sede cultural do menino que se tornaria futuramente um grande homem com inteligência e bom gosto. Não foi à toa que buscou outras fontes e "bebeu" na bica da excelente música baiana ao lado de Caetano, Betânia, Gal e Tom Zé no espetáculo "Nós, por Exemplo", em 1964, no Teatro Vila Velha. Este, sim, nos orgulha cantando e filosofando. Aos 69 anos e sempre com o entusiasmo de um estreante, Gil, baianíssimo com nacionalidade também estrangeira desde que se casou com Flora Giordano, neta de italianos, soube aproveitar o talento que Deus lhe deu, criando uma música extremamente pop-baianês que agrada a gregos e troianos. Sua formação - apesar de mostrar-se (educadamente) favorável aos novos ritmos, o que se nota claramente no carnaval quando ele dá canja em trios, procurando ajudar os novatos - nada tem a ver com o axé, arrocha (arrochando nossa inteligência, isso sim!) ou o pagode inventado errôneamente por aqui. Músico de primeirissima grandeza, Gilberto Gil sabe, como poucos, usar o (bom) som saído do violão e da guitarra - seus instrumentos preferidos - influenciado por outras personalidades, a exemplo de Stevie Wonder, The Beatles, João Gilberto (preferido por nove entre dez estrelas), Bob Marley, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. A trajetória artística e de vida de Gil é rica, impressionante, desde que, em 1968, foi preso pela ditadura militar acusado de atividades subversivas juntamente com Caetano Veloso e foram viver exilados em Londres. Em 1970, foi o único latino no Festival da ilha de Whigt, representando a Tropicália ao lado de The Who, Jimmi Hendrix, Emmerson, Lake anda Palmer e The Doors. O tempo passou, a vida - como a de todos nós - deslanchou em idas e vindas, alegrias e tristezas, com acertos e erros. Um deles (erro) foi quando em 1989 foi eleito vereador pelo PMDB aqui em Salvador. Em 1990 descobriu o seu verdadeiro "eu" político e filiou-se ao PV (Partido Verde). Experiências que lhe deu credibilidade, ao ponto de ser convidado -e aceitar - pelo então presidente Lula (2003) a assumir a pasta do Ministério da Cultura, sendo duramente criticado naquela época por Paulo Autran e Marco Nanini. A resposta silenciosa, com ares de "não tô nem aí" - como fazem os elegantes, bem nascidos, que deixam  a caravana passar enquanto os cães ladram - ele deu com extrema competência permanecendo cinco anos e meio no cargo. Deixou o poder para fazer o que mais gosta: compôr e cantar.
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!

                                                                                                                                                                SANFERR, 08.09.2011

a ESFINGE:
     "Quem remexer nas cinzas do passado para prejudicar, destruir e vingar-se do seu próximo, prepara-te: no futuro bem próximo um vulcão de azar, maldições e doenças cairá sobre a sua cabeça e destruirá a sua vida".
                               AUTOR DESCONHECIDO - num panfleto espírita distribuído na rua.

de SANFERRPRESS para todos os leitores e colaboradores (patrocínios, doações):

     Conforme artigo publicado nesta coluna no último dia 25.08 intitulado "A DAMA DO PT (Pára Tudo!" onde a retratada da semana foi a presidente (a) Dilma Rousseff, eu dizia que "fundemos, inauguremos mais universidades", lembram-se? Graças à Deus, pelo pronunciamento de Dilma Rousseff no último dia 06 véspera do feriado da Independência, o governo está preocupado com a "qualificação" dos universitários. Toda a sociedade espera, realmente, que isto venha a acontecer, pois do jeito que está não dá mais para continuar, suportando tantos estudantes totalmente despreparados, muitos sem ter noção do básico, até mesmo escrever. O próximo passo será melhorar o ensino fundamental - a base, o alicerce de tudo - nas escolas públicas, com ensino de qualidade e professores bem remunerados.
     Como eu dizia naquele artigo, o governo Rousseff está "saindo melhor do que a encomenda". Parabéns!
     Continuo agradecendo a atenção que vem sendo dada a coluna SANFERRPRESS pelo palácio do Planalto, através do BLOG do PLANALTO, e também a Casa Civil da Presidência da República.

                                                                                                                                                              SANFERR, 08.09.2011.

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