quinta-feira, 10 de março de 2011

DESPIDO DO FARDÃO, O IMORTAL DE CHINELO E BERMUDA.

                                

                                  "Doutor" João Ubaldo Ribeiro,
                           Um cidadão baiano à serviço das letras! 

  


     A Bahia, como todos sabem, não é somente um Estado disfarçado de gravadora ou um celeiro de artistas. (Bons ou medíocres, diga-se de passagem ao gosto de cada um, é só relembrar os últimos dias de folia momesca). Temos, graças à Deus - para não macular as cores de nossa bandeira - "cabeças pensantes", criadores, intelectuais. Escritores e não "escrivão", como me disse outro dia um estudante (imagine se não fosse!) que conheci no ônibus, travamos uma rápida conversa sobre o trânsito congestionado, aproveitei para falar do blog e ele (tão simplório como educado, gente boa!) telefonou dois dias depois radiante, entusiasmado, querendo me elogiar: "o senhor é um excelente escrivão"... Mais não foi dito e nem precisava. O certo é que nos tornamos "novos velhos amigos de infância". O que vale é a intenção, sem trocadilhos ou rimas, of course!.Bom, escrivão ou não, a terra do Senhor do Bonfim, de Todos os Santos e, no caso deles, dos orixás, teve - e sempre terá - dois expoentes de uma literatura genuinamente "abaianada". (Meu querido amigo leitor do coletivo, please!, não confundir com marca de doce de banana, bananada, ok?). Um deles - o inesquecível, e também imortal Jorge Amado, autor de "São Jorge dos Ilhéus", "Gabriela, Cravo e Canela", "Mar Morto", "Tereza Batista Cansada de Guerra", "Dona Flor e Seus Dois Maridos", etc. - já nos abandonou há alguns anos, deixando como substituto João Ubaldo Ribeiro, seu compadre e igualmente imortalizado nos salões suntuosos da ABL (Academia Brasileira de Letras).
     Autor de vários livros, sucesso de público e crítica,  dentre os quais os premiadíssimos "Sargento Getúlio" e "Viva o Povo Brasileiro" com o Jabuti e Camões, sendo este último o mais importante da língua portuguesa, João Ubaldo ainda nos presenteou com "Vila Real" (1979), "O Sorriso do Lagarto" (1989) - transformado em minissérie global - "O Feitiço da Ilha do Pavão" (1997), "A Casa dos Budas Ditosos" (1999) e "O Albatroz Azul" (2009). Nativo de Itaparica, aqui na Bahia - muitos "intelectualizados" por aí descobrirão que a Bahia não vive só de axé, arrocha, pagode e talentos bundantes - nasceu em janeiro de 1941 e hoje, do alto da sabedoria e experiência literária que os setenta anos de reconhecimento público lhe confere, João Ubaldo poderá responder à altura a todas as críticas, depreciações e votos contra dos preconceituosos, com o lançamento do próximo livro, o qual certamente calará a boca maldita de quem duvida da capacidade e quer desmerecer os conterrâneos talentosos de Rui Barbosa e Castro Alves.
     Sua vida, ao contrário do que muitos pensam, não tem nada de excepcional. Apesar de ser um imortal, João Ubaldo vive modesta e confortávelmente com a esposa num apartamento (de cobertura) no elegante e "artístico" bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro. Ela é a única que tem permissão para lhe assistir no momento mágico da criação, quando - trancado em seu escritório, diante da tela do computador, o qual, segundo ele, é lento demais (?), apesar de prático na hora da correção do texto - ele dá vida a personagens como a misteriosa senhora CLB, o Sargento Getúlio, Barão de Pirapuama, nego Leléu, o Cônego que esculhamba tudo e todos, dentre outros de maior ou menor importância em seus enredos magistrais. Caseiro, gosta de ficar em casa lendo ou, naturalmente, escrevendo, só "dando o ar da graça" quando é convidado para eventos importantíssimos, como acontecerá no próximo mês de julho na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty). Avesso as badalações do métier, João Ubaldo gosta mesmo é de se despir da fama, do peso do fardão da ABL e desfilar pelas ruas, praças e orla marítima da bucólica (até quando?) ilha de Itaparica, usando bermuda e calçando sandália hawaiana. O bate-papo com os velhos amigos e turistas curiosos é de lei. Homem tranquilo, até certo ponto introspectivo, João Ubaldo só "rodou a baiana" uma única vez, em 2004, quando - nesta mesma FLIP - irritou-se profundamente ao sentir-se desprestigiado, relegado a segundo plano na divulgação do evento. Nomes menos conhecidos, irrelevantes, sem o peso que a griffe João Ubaldo Ribeiro tem na literatura  nacional, tiveram um desmerecido destaque e ele chamado de "outros". Soltou um sonoro e raivoso "outros o caralho!", deu as costas para o famigerado evento e voltou para o (quase) silêncio sepulcral de seu gabinete, afogando a mágoa, o ressentimento, em meio as centenas de livros que possui. O tempo passou, este "equívoco histórico" ficou adormecido para sempre em sua lembrança e agora, sete anos depois, a FLIP terá a honra de contar com sua participação.
     Um homem das letras, mestre na arte de colocar "o preto no branco", merece todo o respeito e jamais - não por arrogância, estrelismo - poderia se sujeitar a ser coadjuvante numa festa onde ele teria (e sempre terá) de ser o protagonista. João Ubaldo não é um "autor brasileiro que só escreve merdinhas que a gente lê na ponte aérea", como disse certa vez o (então) editor da Nova Fronteira, Pedro Paulo Sena Madureira.
     João Ubaldo Ribeiro é um ícone, uma lenda viva da literatura brasileira comtemporânea e, quiçá, mundial. Ele usa sua capacidade criativa, suas palavras cirúrgicamente bem colocadas num texto primoroso, para transformar a arte de escrever em porta escancarada para o mundo da fantasia. Ele, e tantos outros que fazem do dificílimo ofício de transpôr para o papel suas idéias e personagens, acredita que a literatura nunca irá perder sua força. Ou, então, se não fosse assim, por que diríamos incansávelmente que "a vida imita a arte"?
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!

                                                                                                                                                                                                      SANFERR, 10.03.2011




CONTATOS:
e-mail: rsanferr@hotmail.com
           rsanferr@globomail.com
fone(71) 8265.9332
home-pageHTTP://SANFERRPRESS.BLOGSPOT.COM
novo blog:   HTTP://SANFERRARTSCRIPT.BLOGSPOT.COM
                                                           DOAÇÃO PARA O BLOG
BANCOCAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CEF)
AGÊNCIA: 1416 - Relógio de São Pedro (Salvador - Bahia)
CONTA POUPANÇA: 01300099159-3

 



                                                    P    A     T     R     O     C     Í     N     I     O

16 comentários:

  1. Tristeza e saudade! Hoje estou me sentindo assim. Alguém e os amigos sabem do que estou falando. Mas, a vida segue seu curso e o destino... só Deus sabe o que irá acontecer. Enquanto isso, vou tocando minha vida amando cada vez mais, esperando que um milagre aconteça e, finalmente, não exista mais a palavra distância no meu dicionário e eu possa dormir e acordar juntinho do meu amor, do amor da minha vida, todos os dias. Vamos viver o presente, porque o futuro a Deus pertence, não é? Acabou os dias de sonho e é hora de vestir a fantasia da realidade. Pra mim, uma dura realidade, longe do meu amor, da razão da minha vida. Toninho, SP.

    ResponderExcluir
  2. SANFERR tá incomodando mesmo e isso é bom sinal, prova que ele é bom no que fáz. Tem uma legião de amigos que adora ele, mas, como todo mundo, não é unanimidade e sempre há aqueles que não querem ver o bem de ninguém, torcem contra, falam mal, inventam estórias que não podem provar para ter o prazer de falar mal. Como eu, como vcs que estão lendo a coluna, Sanferr tem defeitos e qualidades, mas é talentoso, competente e isso irrita muita gente. Conheço SANFERR desde que éramos adolescentes e posso garantir que é um cara muito legal, amigo de fé, generoso, um bom filho, enfim, um cara pra se guardar do lado esquerdo do peito. Quem falar mal, é inveja, despeito, do talento que ele tá provando semanalmente aqui na internet. VÁ EM FRENTE, BROTHER. NÓS TE AMAMOS. KK, Ilhéus.

    ResponderExcluir
  3. De todos os escritores baianos, depois de Jorge Amado, é claro, João Ubaldo é o mais conhecido de todos. Tenho alguns livros dele e me identifico bastante com o estilo nada tradicional dele como romancista. Aliás, se ele me perdoar, direi até que está mais pra historiador. SANFERR soube mais uma vez traduzir num artigo magistral o perfil desse grande escritor. Maria Eduarda.

    ResponderExcluir
  4. Acabou os dias de abadá e vamos vestir a fantasia batizada como realidade, como disse o leitor Toninho, de SP. Dizem que no Brasil, principalmente aqui na Bahia, o ano começa depois da quarta-feira de Cinzas. Acredito que sim, porque antes é só festa, ensaios disso e daquilo, lavagens. Vamos voltar a realidade e aproveitar o ano utilizando nossos dias com paz, amor e respeito ao próximo, sem mágoas, invejas ou querendo derrubar, caluniar, depreciar o nosso irmão. Sigam o exemplo de Sanferr que só vive para nos trazer conhecimento todas as quintas-feira com essa coluna maravilhosa e é um amigo incapaz de ofender quem quer que seja. Siga sua vida e deixem os outros viver. Espero que tenhamos uma Quaresma de paz e todo um 2011 de muitas realizações, saúde, amor sincero.É melhor ser amado, irmão, do que amar quem não ama a gente, sacou? O SILÊNCIO PODE SER SINAL DE QUE ALGUÉM TE AMA DE VERDADE E QUER, MESMO SOFRENDO, QUE VC SEJA FELIZ. Já passei porisso e sei do que tô falando. A vida é bela, pra ser vivida e não experimentada. Domênica.

    ResponderExcluir
  5. Meu primo é mesmo demais. Numa semana fala das rainhas do carnaval e logo a seguir, na outra, vem com um dos maiores escritores do Brasil na atualidade, orgulho da Bahia, especialmente do povo da ilha de Itaparica. Talento, competência, é isso: versatilidade. Falar sobre todos, das mais diversas áreas, como quem fala de um velho conhecido, um amigo de infância, numa leitura pra lá de estilosa e prazerosa. Primo, você é mesmo grande no que fáz: escrever. E continue assim. Tapando a boca de quem não tem seu talento e morre de inveja, despeito, porque não é capaz de escrever como vc. No futuro, vc será um dos grandes cronistas deste país. Todos eles começaram assim. Tenha paciência.

    ResponderExcluir
  6. O carnaval, como sempre, foi maquiado, disfarçado, por alguns meios de comunicação. Principalmente a televisão. Porque será? Porque se a verdade for dita e mostrada assustará os turistas. E que verdade é essa? Giletes, facas, armas de fogo apreendidas, socos, murros, cirurgias pra corrigir mandíbulas, espeto de churrasco pra furar e por aí vai. Onde eu vi? Ou melhor dizendo, ouvi? Nas rádios que não mentem, principalmente a Excélsior, católica. Uma parte da imprensa escondeu, o Governo também, já que o carnaval é uma fábrica de muita lucratividade. Não sou contra a festa, sou contra a violência. Bem fez meu amigo SANFERR que passou bem longe da folia. Ele é dos tais que preza sua integridade física. Chico.

    ResponderExcluir
  7. O texto de Sanferr é muito bom, de fácil entendimento, com estilo próprio de alguém que realmente sabe e gosta do que fáz. A cada semana somos presenteados por artigos de uma qualidade excepcional, tanto literária como técnica, de um cara que está se consolidando como um dos melhores cronistas deste país. Pelo que sei, os comentários postados aqui na coluna por quem conhece ele há anos, o dom de escrever de Sanferr não é de agora, com esta coluna. Vem de longas datas. E o que ele já publicou no outro blog, sobre roteiros, projetos, não deixe dúvidas. Sanferr não deve se deixar levar por comentários depreciativos. Ele é grande naquilo que fáz. Pedras, obstáculos, sempre surgirão, mas ele deve passar por cima de tudo isso. Beijos.

    ResponderExcluir
  8. Aprendi há algum tempo a gostar de literatura, poesia, boa música, com meu amigo Sanferr. Hj posso até dizer que sou um pouco mais sofisticado, apesar de gostar também da agitação do carnaval. Já li um livro do escritor João Ubaldo e gostei. É diferente dos outros, mas gostei. Parabéns, brother, por seu artigo. Como sempre, muito bem escrito.

    ResponderExcluir
  9. Não canso de repetir: Sanferr é o orgulho de todos nós que o conhecemos desde sempre, gostamos dele e torcemos para o sucesso dele. Nunca vi um cara mais obstinado, determinado, que sabe o que quer. E é original, não segue as regras da sociedade, só fáz o que quer e acha que é correto, porisso algumas pessoas o acham de temperamento difícil. Não é nada disso. Não desista, amigo, vá em frente. Talento e competência não lhe faltam.

    ResponderExcluir
  10. Como faço todas as quintas-feira, li semana passada a coluna de Sanferr e concordo com tudo que ele disse. O carnaval, realmente, tornou-se uma indústria, acabou a magia, o encantamento. Hoje quem não tiver dinheiro, não vai mais às ruas. Os blocos e camarotes dão uma certa segurança, mas e o povo? Fica à mercê da truculência de delinquentes, verdadeiros brucutus que só vão às ruas para agredir, ferir, as vezes até matar? Claro que é humanamente difícil controlar milhões de pessoas, mas por que não repensam o carnaval? Vai chegar o momento que os turistas vão sentir medo de vir aqui pra boa terra. "Wallace".

    ResponderExcluir
  11. Genteeeeeeeeeeeeee!! Hj só tô aqui pra marcar presença e rarará, galera!!!!!!!!!!!!!!!! Não posso deixar de dizer OLÁAAAAAAAAAA pra turma de leitores da coluna do meu querido Sanferr. Semana que vem botarei o bocão no trombone, quer dizer, falarei mais. Rarará!!!!!!!!!!!! Djean Bruno.

    ResponderExcluir
  12. Brasil, carnaval, carnaval, Brasil! Um não vive sem o outro, é como o amor entre duas pessoas que se adoram, brigam igual cão e gato, mas termina tudo bem. O Brasil é a minha pátria e morro de saudades. Somente um país alegre, festivo, poderia fazer um evento como esse. Rio de Janeiro, Bahia, Pernanbuco, e até São Paulo, são palcos de uma festa que é a cara do povo brasileiro. Parabéns pela cobertura de televisão e da internet. Fabrício, Lisboa (Portugal)

    ResponderExcluir
  13. Li o comentário do leitor Chico e concordo com ele. Carnaval é uma delícia, maravilhoso, gostoso demais, só que a violência não tá diminuindo, não. Vá pra rua e veja com seus próprios olhos. Vamos cuidar melhor de nossa maior festa, pois é ela que divulga o nome da Bahia lá fora. No ano passado, quando viajei em agosto para os EUA, vimos que, ao falar da Bahia, todos se lembram logo do carnaval. Bjs, Bjs, Vi.

    ResponderExcluir
  14. Não conheço esse brother que Sanferr tá falando hj, mas já ouvi dizer que ele mora aqui na ilha e é famoso. Deve ser. Pra Sanferr botar ele na coluna dele, deve ser mesmo. O carnaval foi massa, dez, fiquei de boa com os brother, as gatinhas, tô mais gato do que nunca. Valeu, gente. Até a próxima. "A".

    ResponderExcluir
  15. O carnaval precisa ser mesmo repensado como já disseram aqui nos comentários de hj. Se as autoridades não tomarem uma posição mais radical, os turistas vão sumir de nossos circuitos nos próximos anos. Se vc. participa da festa, vê as cenas terríveis ao vivo, na sua frente. Se não tá lá, assiste pela TV ou pela internet. É violência gratuita, ódio no olhar das pessoas e vontade de bater, socar, pisar, agredir. O QUE É ISSO, GENTE? ONDE VAMOS PARAR? Afinal de contas. é um evento festivo ou uma apologia a violência gratuita? Por essas e outras que Sanferr resolveu passar o carnaval bem longe. Ele está certíssimo. Passei dias de horror, preocupado, ansioso, enquanto as crianças não chegavam lá da festa em Salvador. PP, da Nova.

    ResponderExcluir
  16. Sanferr passou o carnaval bem longe da muvuca e ele tá certo mesmo. Concordo com o comentário do leitor vizinho daqui da city, como diz o louco do DB. Tava planejando ficar de boa, quieto no meu canto, mas com a cortesia que SANFERR me passou, resolvi dar uns pulinhos atrás do trio. Mas não demorei muito. Atendi o pedido de mammy. Boa romaria fáz... Falei com Sanferr por email, telefone, e ele tava de boa, feliz da vida, curtindo do jeito dele. "AlÊ".

    ResponderExcluir