quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DO BLOG AO LIVRO, A SAGRAÇÃO DO MITO.




                                               GÉRALD THOMAS,
                  O MESMISMO E A MEDIOCRIDADE DESTRUÍDOS COM O
                       TEATRO E AS PALAVRAS DO GÊNIO DA CRIAÇÃO.


     A China pode não ser politicamente correta em diversos aspectos, mas, de vez em quando surpreende o mundo com decisões polêmicas que nos fáz refletir sobre o que é certo ou errado. Principalmente por sermos uma nação tão democrática (graças à Deus, em todos os sentidos) e permissiva (culturalmente falando, especialmente aqui no norte/nordeste). Pois, aqui qualquer um se diz artista, nem que saiba presepando, "batendo lata" no fundo do quintal, dançando tribalmente nas esquinas ou urrando como um "louco (pseudo) intelectualizado" (?) dando a esta encenação pública (triste e deplorável) de total falta de bom gosto, senso crítico e, o que é pior - de talento - o nome de arte. Com sorte e o apoio de produtores que trabalham (e ganham rios de dinheiro fácil) com o primitivismo artístico (?), esses "artistas" primatas, da idade da pedra, acreditam piamente que estão contribuindo para o engrandecimento da nossa cultura, sem saber eles que estão fazendo o ridículo papel de bobos-da-corte para o deleite dos gringos, os quais gastam fortunas por algumas horas de prazer e diversão. Ainda bem (para eles) e péssimo (para nós), esses tais arrocheiros e pagodeiros (de uma nota só, dos teclados, e não os genuínamente sambistas, do morro e de tradição na mais pura expressão musical brasileira) nasceram aqui e podem exibir todo seu "talento, criatividade e competência" nos picadeiros (ops, perdão, palcos) da vida. Por muito menos a China, através do Ministério da Cultura, proibiu músicas dos - para mim e muita gente por aí - bem servidos de criatividade, Lady Gaga, Backstreet Boys, Beyoncée, dentre tantos outros, nos sites musicais. Diz o texto do decreto chinês que tal atitude foi tomada para "pôr ordem no mercado musical e eliminar canções que prejudiquem a segurança da cultura do Estado". Refletindo sobre o teor desta emblemática lei, uma pergunta se fáz necessária e não quer calar: e aqui no Brasil, mais precisamente aqui na Bahia, onde muitos sem desconfiômetro (e vergonha na cara) não se dão ao respeito - e, consequentemente, não respeitam o público - expôndo sua ignorância artística-musical (e escolar!) em três constrangedoras situações: compondo, cantando e falando (nas entrevistas) quando chegam, então, ao ápice dando provas concretas de sua incapacidade expressiva. (Os primatas, em seu habitat natural, são mais "entendidos" que eles). Quem vai, enfim, assegurar a ordem musical e eliminar músicas (?) que prejudicam a cultura tupiniquim, agridem nossa audição com ritmos (?) sem ritmo e letras (?) que dizem tudo (de ruim!) para a maledicência, o duplo sentido e a imoralidade?
     Talvez, sim, e talvez não, mas - nunca se pode saber o que se passa na cabeça de um povo como os chineses - acredito que se Geraldo Thomas Sievers, ou melhor dizendo, Gérald Thomas tivesse nascido e criado tantas obras-primas do teatro lá, seria o orgulho nacional da terra dos "olhos puxados". Já por aqui, o idealizador, criador e diretor de espetáculos memoráveis como Eletra com Creta, A Trilogia Kafka, Carmem com Filtro, Mattogrosso, The Flash and Crash Days, A Trilogia da B.E.S.T.A, M.O.R.T.E. e tantas outras genialidades é considerado maluco, ridicularizado, criticado por um povo (felizmente, nem todos) que não tem competência para julgar (conscientemente) o que é cultura.  E por que? Simplesmente por não ter sido acostumado desde cedo à boa arte, tanto nas escolas públicas como, principalmente, nas famílias, as quais não se dão ao trabalho de visitar museus, ouvir boa música e ler livros de qualidade; ao contrário, ficam ridicularmente remexendo os quadris ao som de músicas (?) de nonagésima categoria. (Se é que tem alguma!). O resultado? A falta de discernimento para julgar o que é bom ou ruim, o emburrecimento social e cultural, a falta de capacidade para separar o trágico (a própria imbecilidade) do tragicômico (a ausência de neurônios nas mentes primitivas). (Se é que me entendem!). Isto, infelizmente, aqui no nordeste - terra de tantos renomados, competentes - terra do "óia" (olhe), "vamo" (vamos) e do "trabaiá" (trabalhar). Não podoeria ser, óbviamente, diferente, pois muitos desqualificados intelecto-culturalmente conseguem "pular a cerca" da universidade, ingressando pela "janela da sorte", recebem o diploma (sem merecimento) e - futuramente - colocam nossa integridade física em perigo, dependendo da profissão escolhida pelo "felizardo" aprovado no famigerado vestibular-loteria, dos X. Já na Europa - templo das artes, berço da cultura, recheada de histórias milenares contadas nos seus museus - Gérald Thomas trabalhou com o alemão Heiner Muller e o compositor americano Phillip Glars, sendo aplaudido e reverenciado por quem sabe o que é a verdadeira arte. Suas peças foram apresentadas no Lincoln Center (Nova Iorque, EUA), em Munique e Viena. Sem falar nos quinze países em que se apresentou e suas produções foram transmitidas em redes nacionais de TV. Também fez parceria com Julian Beck e o Living Théatre (Paris). Em 2010 (Londres) fundou a Cia. London Dau Ópera. "Throats", escrito e dirigido por ele, teve temporada no Teatro Pleasance, em Islington, de 18 de fevereiro a 27 de março de 2011.
     Gérald Thomas não é um mero servidor das artes. Ele fáz a (boa) arte. Não é apenas mais um homem, um qualquer sem idéias e projetos que vive no "maria vai com as outras", "deixa a vida me levar", que veio ao mundo para ver os demais criar e simplesmente aplaudir, render homenagens. Ele é um HOMEM criativo, de ação (e inovação) que vei para ser visto, comentado, aplaudido - querendo ou não os invejosos de plantão - e homenageado, justamente por não acreditar, dar credibilidade a máquina (de uma maioria emburrecida) que fabrica os idiotas, tolos, sem capacidade criativa. Por mais boicotado, execrado e, ao mesmo tempo, temido como o inventor ousado que é, Gérald sempre será lembrado pela posteridade, foi e é superior aos seus detratores, tão mmedíocres como homens e insignificantes como personalidades. Tanto que, sob à sua direção, somente as grandes "marcas" do teatro brasileiro tem vez. Artistas do nível de Fernanda Montenegro, Antonio Fagundes, Sérgio Britto, Tônia Carrero, Marco Nanini, Rubens Correa, Ítalo Rossi, além de mais uma meia dúzia de previlegiados. Premiadíssimo ele sempre foi, enfeitando sua escrivaninha com os (nacionais) Mambembe e Moliére. Em 2003, no espetáculo Tristão e Isolda, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, lamentávelmente foi vaiado e como resposta - não seria Gérald Thomas se não o fizesse - mostrou as nádegas e simulou um ato masturbatório. Acusado de ato obsceno, sábiamente foi absolvido pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Recentemente, agora em julho, estreou em São Paulo o espetáculo "Gargólios", sendo alvo como sempre de críticas favoráveis e depreciativas.
     Culto (fala vários idiomas), sábio (sabe o que diz e onde tem o nariz, sem querer agradar, ser simpático a "gregos e troianos") e visionário (consegue enxergar onde nós, pobres mortais, não vemos). Este é o perfil polêmico de um mestre, um homem e artista nada convencional, quilômetros-luz além do nosso tempo e (pouca) inteligência. Um criador que não enxerga únicamente através da lente (mercenária) das bilheterias, mas sim com os óculos da (genial) cultura futurista. Porisso não é popular e vulgar, "arroz doce na mídia", artista "bundante"; ao contrário, seu talento extremamente abundante ultrapassa as fronteiras da compreensão de um povo (nem todos) que só entende de praia, suor, carnaval, futebol e cerveja. (Quando entendem!). Mas, cada um tem o pedestal que lhe é apropriado. A inveja é sua pior inimiga. Agora, então, com a publicação do livro - devorei as mais de 200 páginas em "dois tempos" - Nada Prova Nada (ed. Record), coletânea de artigos publicados no seu produtivo blog, muitos defensores do mesmismo, da banalização da mediocridade e exaltação aos "talentos oportunistas, fabricados e não natos", irão se incomodar, sentirem-se ofendidos com a sua postura ímpar, singular, com relação à vida e as artes. Já dizia (outro mestre0 Nélson Rodrigues: " o sucesso de um concorrente dpoi fisicamente como uma canivetada". Mas, fazer o que? A inveja é esposa, companheira, amante e amiga dos asnos. Como tudo que leva a marca Gérald Thomas, os artigos são excelentes, à altura dos melhores autores nacionais e internacionais. O título do livro foi extraído de uma fala do personagem de Marco Nanini na peça "Um Circo de Rins e Fígado", um espetáculo que deve ter mexido com os (poucos) neurônios de quem os tem (se é que tem) nos quadris rebolativos e a língua solta (e burra) nas entrevistas de TV e rádio, fazendo Ruy Barbosa se horrorizar no sábio silêncio sepulcral.
     Mestre dos palcos e agora das letras, Gérald Thomas (toma lá, invejosos!) prova que escrever não é mesmo para qualquer um e não tem diploma que dê esse dom. E muitos aproveitam-se deste déficit, desta falta de sorte (?) para se acomodar, sentando-se confortávelmente na poltrona macia da ignorância, culpando uns ("é o governo") e outros ("não tive oportunidade de aprender")... (?)... Ler - e ler muito - é sempre a melhor maneira para quem deseja se aprimorar, "ter o nariz em algum lugar", "colocar o preto no branco". Todos (podem) ter títulos e poses; mas capacidade, competência, se prova não com X, mas respostas diretas, escritas no branco da sapiência.
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!
    
                                                                                                                                                                              SANFERR, 29.09.2011

a ESFINGE:
     "Há um tempo para partir, mesmo quando não há um lugar certo para ir".
                                   TENNESSE WILLIAMS (1911-1983), dramaturgo americano.

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                                                        P    A     T     R     O     C     Í     N     I     O


10 comentários:

  1. Ter o previlégio de participar, sim, participar, porque os shows, digamos assim das encenações produzidas por Thomas, não é para se assistir e sim participar, é como se estivessemos fazendo uma análise, uma terapia sobre todos os nossos conceitos e (pre) conceitos sobre a arte. É pena que o brasileiro não tenha ou, na maioria das vezes, não queira ter estrutura intelectual e cultural para entender as mensagens teatrias de um cara como Gérald Thomas. Solange.

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  2. Estar ao lado de um amigo, um parceiro que a gente gosta e admira, mesmo que por pouco tempo, é um prazer, uma felicidade. Ainda mais para comemorar uma data tão especial. O pior de tudo é a hora da despedida, da separação, com cada um tomando o caminho diferente, da casa. "Saudade palavra triste quando se perde"... TONINHO.

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  3. Assistir um espetáculo de Gérald Thomas é o mesmo que participar de uma Missa em latim, ou seja, difícil. Mas, depois, parando para avaliar a proposta apresentada, o recado metafórico que nos foi dado, vemos que valeu a pena à ida ao teatro. Polêmico, ele sabe como ninguém instigar a platéia, levantar discussões. Francisco.

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  4. Já assisti no Rio uma certa vez uma peça do Gérald Thomas e, confesso, à primeira vista não gostei, não entendi nada. Para tirar qualquer dúvida, voltamos, eu e meu marido, e só aí que fui entender a mensagem do espetáculo. Realmente, não é um artista nada convencional. Criativo, está mesmo bem distante do "normal" que se vê no teatro. "Wallace".

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  5. Gérald Thomas é um inovador e perfeccionista. Como todos os inovadores, discriminado. E como perfeccionista, mal interpretado, taxado como excêntrico, maluco. Assisto sempre que posso os espetáculos produzidos por ele e só tenho elogios a fazer num momento em que qualquer um mesmo, como disse SANFERR no artigo de hoje, sobe ao palco se dizendo artista. Artista de que, ninguém sabe, eis a questão. O bRASIL deveria ter orgulho de Gérald e não vaiar, criticar. Rogério, SP.

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  6. No meio artistico, Gérald Thomas é como se fosse uma lenda, realmente um mito, um "deus" que está acima do bem e do mal. Culto, intelectual, charmoso como homem e elegantérrimo como artista. Muitos o teme, outros o detestam. Cristo não agradou a todos. Muitos não tem capacidade de entender o surrealismo de suas obras. Lya.

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  7. Tivemos, eu e Marco Antonio (Toninho, meu irmão) um fim de semana bem agitado semana passada, saindo daqui de SP e descendo para o Rio, voltando no domingo à noite. Mas, valeu a pena. A simples reunião com pessoas que a gente gosta, admira e até mesmo, no caso dele, ama, vale qualquer sacrifício. A vida é boa, gostosa, por esses encontros e desencontros, essas loucuras, esses "bate-volta", rápidinho, de fim de semana. Um abraço a todos. SAULO.

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  8. Gérald Thomas pode ser resumido, e traduzido, em uma única frase, a qual diz tudo sobre os gênios: quem é bom, sempre causa sensação, discussão e inveja. Ou não é assim que as coisas funcionam? Fabricio, Lisboa (Portugal).

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  9. Vão dizer, injustamente, que o colunista SANFERR está falando mal dos cantores baianos. O que ele quis dizer é o que está acontecendo de verdade, infelizmente na música lá da Bahia, no Brasil. Tem muita gente fazendo, compondo, o que não significa nada de arte. Se aí no Brasil tivessem uma boa história de cultura desde a escola primária, tudo seria diferente. Gérald Thomas é criticado, incompreendido, porque sabe o que é bom e não o é para a arte. AURORA, Nice (France).

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  10. O Brasil só deve se orgulhar d personalidades do nível de Gérald Thomas. Ele é tudo de bom e representa muitissimo bem o nosso teatro quando vem aqui, fora do Brasil, encenar suas produções. Aplaudido de pé nos melhores teatros, pois, mesmo tendo coisas ruins como em qualquer lugar do planeta, aqui na América, o povo sabe dar valor ao que é boa arte. CinderelaGold, New York.

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