quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

FORMADO EM DIREITO, MAS AUTODIDATA NA PROFISSÃO QUE EXERCEU POR TODA A VIDA.

                                                           ACESSOS
                                                 BALANCETE MENSAL
                                                  (MÊS 04 - PERÍODO)
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                                                JOHN HERBERT,
                       Um galã que foi considerado canastrão e gay!





     O mundo dos galãs, uma classe cada vez mais em franca ascensão (principalmente quando subtende-se por galã o sujeito bonito, sensual, com um físico de Adônis e sorriso de comercial de creme dental), está de luto desde o último dia 26, quando faleceu um de seus precusores, num universo onde figuraram nomes como Cil Farney, Hélio Souto e Anselmo Duarte. Com 81 anos, quase cem trabalhos no cinema e TV nos últimos cinquenta e sete anos, John Herbert Buckup, paulistano de ascendência alemãe e inglesa, filho de comerciante de classe média alta, foi criado no Jardim Europa - reduto das abastadas famílias paulistas - formou-se em Direito e teve sua carreira artística consolidada desde que estreou, em 1953, no filme "Uma Pulga na Balnça". Exímio nadador desde a adolescência, nunca deixou de praticar o esporte no Clube Pinheiros, onde era conhecido e tratava à todos com distinção - elegante como sempre foi! - do porteiro aos menbros da diretoria. Estudava num colégio alemão, quando foi convidado a fazer um pequeno papel na peça "Fausto", de Goethe, no Teatro Municipal. Estava tão nervoso, excitado por estar pisando pela primeira vez no palco de um dos templos das artes nacionais, que por pouco não esqueceu a (importante) fala: "Sim, eu sou filho da terra". Em 1949, juntamente com os colegas da faculdade formou um grupo onde discutiam os filmes mostrados na cinemateca do MAM (Museu de Arte Moderna) e, não muito depois, entrou no Centro de Estudos Cinematográficos do diretor Rugero Jacobbi. Logo em seguida surgiu a oportunidade para fundar o Teatro de Arena. O mesmo teatro que fez "despontar" para o mágico mundo das artes cênicas outros tantos expressivos nomes da dramaturgia.
     Só que nem tudo foram flores na carreira deste homem talentoso, carismático - em cada época esta palavra tem um significado diferente (se é que me entendem!0 - um "diplomado" pela advocacia, mas obstinado o suficiente para tornar-se mestre, "doutor", na profissão que escolheu para ser o seu "ganha pão", mesmo sendo um autodidata. O perfeccionismo teve papel preponderante na formação, na lapidação deste ator que não soube o que foi "alisar" o banco da Faculdade de Belas Artes. John aprendeu no tato, na observação, na convivência diária com quem realmente tinha o que mostrar. Naqueles idos não se exigia diploma - apesar que o Teatro de Arena era como se fosse uma universidade - e sim talento, competência e capacidade. Porisso foi a era de ouro do surgimento de astros e estrelas que vieram para ficar, brilhando eternamente, a exemplo de Hebe Camargo, Nair Belo, Lolita Rodrigues, Fernanda Montenegro, Carlos Manga, Heloísa Helena, Tereza Rachel, Eloísa Mafalda, Ilka Soares, Eva Todor. Jofre Soares, Jardel Filho, Ety Frazer, Oscarito, Grande Otelo, Tônia Carrero, Lima Duarte, Sebastião Vasconcelos, Paulo Gracindo, Paulo Autran, etc. A maioria, se não todos, autodidatas. Precisa dizer mais?
     John Herbert nunca foi chegado a ataques de estrelismo, deslumbramento, nunca foi inacessível como vários outros (e outras) que povoam o mundo das personalidades desde sempre. (E com talento duvidoso!). Ou a total falta dele, diga-se de passagem. Em 1961, nas filmagens de "Por um Céu de Liberdade", em Deodoro (RJ), debaixo de um sol abrasador e calor infernais beirando temperaturas inimagináveis, acima dos quarenta graus, John não reclamou da produção paupérrima, na qual o orçamento era quase inexistente, pela falta de água para beber. E filmando o dia inteiro sufocados dentro de uma farda. São episódios assim que mostram a grandiosidade de espirito deste cidadão decente, digno, que passou por um grande dissabor, um momento complicado na vida ao descobrir que sua mulher, a atriz Eva Wilma, estava se relacionando com o ator Carlos Zara (falecido em 2002). Isto numa época que a palavra "traído" não tinha a conotação liberal, "coloridística"(?) de hoje; ao contrário, era uma deseonra, muitas vezes sinônimo de caixão e vela. John e Eva formavam o "casal 20" da televisão desde que protagonizaram o programa "Alô Doçura" (1954), na extinta TV TUPI. Tiveram dois filhos e uma situação delicada assim, escandalosament explorada pela mídia e o vox populi (que sempre dá relevância a assuntos irrelevantes) deixou marcas indeléveis naquele homem apaixonado. Somente anos depois, já no finalzinho da década de 80, John e Eva voltarariam a se ver com mais assiduidade, visitar-se, passar juntos o Natal, aniversários, datas assim. John já tinha superado, à duras penas, a dor e refeito a vida ao lado da fisioterapeuta Claúdia Larback, com quem teve outros filhos.
     Um enredo digno de algumas pornochanchadas protagonizadas por ele bem lá atrás, no início da carreira. Aliás, a pornochanchada foi um capítulo à parte nesta estória. Tudo começou com um semidocumentário onde a personagem Helga (vivida pela atriz alemã Ruth Gasmann) vinha para a América Latina estudar a nossa sexualidade. John Herbert fazia o professor. O tom inusitado, constrangedor da empreitada, deu-se quando a produção teve que escolher 30 moças para filmar  nuas numa praia. Ele, ao lado do diretor e toda a equipe técnica, tiveram que avaliar no estúdio um sem número de Evas (a de Adão, não a atriz) como vieram ao mundo. Tudo em nome da arte. (Deve ter sido assim o início do famoso "nú artistico", tão inteligentemente explorado, e defendido, hoje em dia pelas aspirantes ao fantástico mundo das starlets). Graças à Deus, e aos deuses do teatro - neste caso especifico, da sétima arte - a carreira de John tomou novos rumos e ele pôde, então, dedicar-se a verdadeira arte, com produções dignas de serem vistas. Em 1967, dirigido pelo cineasta Luis Sérgio Person, o advogado Alamy do filme "O Caso dos Irmãos Naves" (baseado na história real daqueles pobres coitados que foram acusados por um crime que não cometeram), foi o personagem que colocou John no topo dos grandes atores brasileiros. Uma interpretação magistral num filme clássico que só trouxe elogios, tanto de crítica como de público. O tempo passou e, assim como o vinho, o talento nato do ator (para a crítica) e galã (para as fãs) fez com que John enriquecesse seu curriculo com papéis inesquecíveis nas telenovelas, tais como Bidet Lambert ("Que Rei Sou Eu?". 1989) e o motorista de táxi Agenor ("A Viagem", 1994).
     Au-revoir para todos que me criticam ou aplaudem. Na próxima quinta-feira, se Deus quizer, aqui estarei. Eu aqui e vocês daí. C'est la vie!.
                                                                                                                                                                                                           
                                                                                                                                                                                                          SANFERR, 03.02.2011.


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7 comentários:

  1. Não tem pra ninguém. Tá todo mundo comentando esse blog. Quem não tem coragem de postar um comentário, comenta comigo a qualidade do texto, o conteúdos dos artigos, o estilo próprio, inconfundível que Sanferr tem. Quer queiram ou não, gostem ou não, Sanferr é o CARA do colunismo virtual. Só dá ele e pt, saudações. Criticar, desmerecer o trabalho dele, é prova comprobatória de inveja, de quem não chega aos pés dele. Malu de Castro.

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  2. Estudar é preciso, faculdade é mais do que importante e, claro, não se opera, não se advoga, se constrói um prédio, torna-se um cientista, um bom administrador, etc. e tal., sem alisar o banco da ciência. Só que para escrever é diferente. Claro que alguns precisam de escola, mas, outros nascem prontos, são doutores da escrita sem ter diploma, os autodidatas. O dia a dia, a história, está cheia desses casos, tanto nas artes como na literatura. Só não vê quem não quer ou, então, precisou ir para a universidade para só depois, com o diploma debaixo do braço, subir nos palcos para fazer presepada, botando um figurino de mulher, uma voz de falsete mal trabalhada, para enganar os trouxas, atrair público, fazer o pé de meia. Humorista é nobre. Presepeiro de quinta categoria, canastrão, é deprimente. Tive a péssima idéia de ir assistir uma certa peça, uma presepada mesmo e só por aqui para aquilo atrair gente. Também! O povo ri até de quem cai na rua. Chico

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  3. Não existe dor maior do que vc sentir saudades de alguém e ouvir a voz desta pessoa apenas pelo telefone celular. E o que é pior: bem distante de onde vc está, sem ter como fugir e ficar ao lado desta pessoa. Mas não dizem por aí que o amor é feito de paciência, sacrificios? Sei que não vai demorar muito tempo para Sampa e a Bahia se fundirem num mesmo corpo, num único espaço. E a palavra saudade será banida para sempre do nosso dicionário. Toninho, SP.

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  4. O autodidatismo está em moda, se tornando assunto de nove entre dez temas de conversas, seja aonde for. Tenho filhos formados e, graças a Deus, há pouco tempo passei um sufoco daquele com um hospitalizado. Ai de nós se não fosse os médicos! Mas, escrever é diferente. Quem sabe, sabe, e prova colocando o preto no branco. Temos tantos exemplos por aí. E se universidade fosse credencial para competência, não teriamos tantos doutores sendo reprovados nas provas depois de diplomados, impedidos de exercer a profissão que escolheram. O que é mais importante? Ser um autodidata e escrever maravilhosamente bem ou um jornalista, colunista, sem o menor talento? Leiam os jornais, revistas. Tem muitos desses por aí. Aqui em Minas, em todo Brasil. Por causa de dinheiro, as universidades estão aprovando dezenas que não deveriam estar em suas salas de aula. O governo tem de rever a fórmula do vestibular, senão...

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  5. Ah, a ilha, o sol, o mar, os bofes, as paqueras! Que delícia é esse lugar! Amigos de fora, venham para a Bahia, para a ilha de Itaparica. Isso aqui é tudo de bom. Nem dá vontade de voltar para a vida agitada do outro lado da baía, pra Salvador. O que me consola é saber que tenho um amigo-irmão-camarada como Sanferr todos os dias de minha vida. Aqui ou em qualquer lugar. Bjs, Bjs, Vi.

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  6. A razão do sucesso desta coluna na internet não é apenas o talento, a competência de Sanferr. É também a escolha das personalidades que são homenageadas. São várias cerejas num bolo. Best of the best, of course. Espero que o critério de Sanferr para escolher seus retratados não mude. A cada semana é uma aula de história na telinha do computador. Parabéns. Rogério, São Paulo.

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  7. Quando alguém é bom no que fáz, geralmente provoca inveja, criticas, pessoas maledicentes prontas para o diz-que-diz, as calúnias, etc. Estava lendo alguns comentários postados aqui na coluna de Sanferre e, sinceramente, acho de péssimo tom ficar especulando isso e aquilo dele. O que interessa é o texto, o artigo que ele nos presenteia todas as semanas. E, principalmente, as informações, a cultura. Estou ficando a par de muita coisa que não sabia sobre estas personalidades. Maria Eduarda, RS.

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